Não há dúvida que as grandes histórias do Botafogo foram registradas em Vila Tibério. Quando a sede do clube era na Rua Gonçalves Dias os repórteres “assinavam o ponto” todos os dias ali, onde as notícias fervilhavam. Principalmente no período matinal, onde o saudoso Márcio Morais se deliciava com o cafezinho e fumava um cigarro atrás do outro. Era um ambiente agradável, funcionários simpáticos, diretores aos montes. Bons tempos.
Aguilera...
Certo dia, o diretor de futebol Ítalo Bernardi me aguardava ansiosamente. Ao chegar com meu gravador para fazer as reportagens, o Professor Ítalo me interpelou: “Estava te esperando a manhã inteira para lhe fazer uma pergunta: o que você achou do goleiro?”. Depois de me chamar de lado e garantir que era uma conversa confidencial, ele explicou que, como eu era o único repórter a acompanhar o treino na Usina Galo Bravo, ele queria ouvir uma opinião isenta. O goleiro era Aguilera, que estava sendo testado naquele treino antes de ser contratado.
Cunha...
Os bastidores não esquentavam só na sede. A empresa de João Olaia Paschoal, diretor de futebol, também era na Vila, Rua Conselheiro Saraiva, se não me engano. Um dia o meia-esquerda Cunha chegou à empresa bufando: “O ‘cumpadi’, o homem me deixou de fora, não posso ficar em Ribeirão, tenho que viajar”. O jogo era no Nordeste. João Olaia: “Calma, Cunhita, vamos conversar”. Trancaram-se na sala por alguns minutos e pronto. Cunha seguiu com a delegação. Não se sabe o que Olaia falou para Jorge Vieira, nem como o técnico se justificou para incluir na delegação um jogador que ele havia dispensado. Ficou claro que autoridade de técnico tem limite, até quando é Jorge Vieira.