A manhã fria, tempo estranho para Ribeirão Preto, encontro-me com Agnaldo Roberto Gallon nas proximidades da Avenida Treze de Maio, de férias no Brasil, matando saudade de familiares e amigos. O papo é futebol, mesmo porque tem história dentro do mundo da bola.
Agnaldo é o Guina, ex-meio campista do Comercial, Vasco, Real Murcia, Belenense, Tenerife, Elche e Botafogo.
Guina recorda o começo quando jogava na equipe infantil no Arnaldo Luís, campo que ficava no começo da Avenida Treze de Maio onde hoje está localizado o Assai, e daí para as categorias de base do Comercial. Fez a sua estréia no time principal do Leão no Paulistão de 1976. Como ele mesmo define, foi tudo muito rápido.
O meia lembra do Come-Fogo que jogou dirigido pelo técnico Alfredinho e o empate de zero a zero, o último derbi disputado pelo ponta Zé Mário, do Botafogo.
Seleção Brasileira, Vasco, Heleno Nunes
Esse trio ditou o ritmo para ascensão rápida de Guina no futebol. Foram quatro jogos pelo Comercial naquele Paulistão e o futebol apresentado levou o meia ribeirãopretano para Seleção Brasileira Sub-20, para as disputas do Mundial da Tunísia em 1977, consagrando-se como artilheiro da competição ganhando o prêmio Chuteira de Ouro da FIFA, e abrindo o caminho para o Rio de Janeiro.
O almirante Heleno Nunes, então presidente da CBD (hoje CBF), vascaíno doente, contribuiu para que a promessa do Comercial desembarcasse em São Januário por empréstimo. Guina jogou por três anos no Vasco da Gama, onde foi campeão Carioca e da Taça Guanabara em 1977 e várias vezes vice-campeão, como recorda.
Espanha e Botafogo
A qualidade do meia Guina, o futebol apresentado no Vasco credenciou a sua passagem para o futebol europeu, precisamente na Espanha, onde jogou por 11 anos e reside até hoje.
Em 1981, chegava ao Real Murcia, uma passagem rápida pelo Belenense de Portugal, de volta à Espanha defendeu o Tenerife, encerrando o ciclo no futebol espanhol com o Elche.
Na sua volta ao Brasil, Guina encerrou a carreira no Botafogo, em 1992, jogando apenas seis meses sob o comando do técnico Afrânio Riul, numa fase difícil e complicada para o tricolor. Tão complicada que o clube mandava os seus jogos no Canindé, campo da Portuguesa, em São Paulo.
Afrânio Riul acabou saindo e a chegada de Jorge Vieira também não deu resultado e o Botafogo acabou rebaixado, lembra Guina.Já quase de malas prontas para voltar à Espanha, o moço de Ribeirão Preto merece ser lembrado pela sua bonita trajetória no mundo da bola.