“Às vezes, começo a folhear os álbuns e choro. Falam que lembrar é viver, mas dói muito”, confessa Ary com os olhos marejados.
Com 11 anos começou no infantil do Botafogo, no antigo estádio Luiz Pereira. Depois foi reserva da equipe principal, quando o time ainda era amador. O goleiro titular era o Aresta. Do Botafogo foi para o SPR, hoje Nacional de São Paulo, e de lá para o Taubaté.
Em 1947 foi defender o Sanjoanense, de São João da Boa Vista. De lá foi para o XV de Piracicaba onde foi campeão em 1947 e 48.
“Certo dia, estava andando pela praça de São João da Boa Vista quando um senhor me perguntou: você é o Ary? Você está vivo?”, lembra ele.
Era o Paulo, das Lojas Nacional, que levou o jovem goleiro para o XV de Piracicaba.
“As manchetes dos jornais de Piracicaba estampavam: Ary, o melhor goleiro do interior. Estas são as minhas melhores lembranças. Lá fui campeão do Torneio Início, bicampeão do Interior, em 1948/49, e do acesso para a Primeira Divisão”, conta Ary, emocionado.
Cadê o Pelé?
O XV de Piracicaba enfrentava o Santos em casa. No primeiro tempo estava dois a zero para o XV e a torcida gritava: cadê o Pelé? cadê o Pelé? O Negão fez um gesto com as mãos para torcida esperar, pedindo calma. No segundo tempo, Pelé fez quatro gols e o Coutinho dois.
Ary lembra de sua fala no final do jogo aos companheiros de equipe: “Deus me livre! Não mexe com o homem que ele é bravo”.
Depois, Ary voltou para Ribeirão para treinar o infantil do Botafogo, na época do presidente Costábile Romano.
Após deixar o futebol, trabalhou como investigador de polícia, cargo pelo qual se aposentou.
O ex-goleiro nasceu em São Paulo, no dia 3 de agosto de 1926, não se casou e não teve filhos. Mora na Avenida do Café.