Resgatando a memória da Vila Tibério e valorizando sua gente!

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Profissional respeitado, Pedro Bíscaro, de 85 anos, trabalhou até 2019, por 67 anos, fazendo peças de metal para máquinas e utensílios agrícolas na oficina ao lado da sua casa, na Rua Constituição.

Formado em 1953 pela primeira turma na escola do Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, logo começou a trabalhar nas Oficinas Bianchi, na Rua Duque de Caxias, onde fabricavam peças para usinas e para maquinários em geral. Foi onde aprendeu na prática e se aperfeiçoou.

Tempos depois foi convidado a trabalhar na Austin Morris de Ribeirão Preto, especializada nos carros ingleses. Lá fabricavam peças cujas originais eram caras e difíceis de adquirir, devido à dificuldade de importação.

Depois abriu uma oficina nos Campos Elíseos, mas logo em seguida, em 1975, construiu a oficina ao lado de sua casa, onde fazia peças de metal para uso doméstico, para oficinas mecânicas de automóveis e máquinas agrícolas.

Tem orgulho de ter cursado a primeira turma de torneiros mecânicos do Senai e faz questão de exibir o diploma.

Veio para a Vila Tibério ainda menino morar na Rua Dr. Loyola. Seu pai, Armando Bíscaro veio com a esposa, Modesta Trentino Bíscaro e seis filhos, para Ribeirão trabalhar na Cerâmica São Luiz, que estava começando naquela época.

Viúvo de dona Maria Aparecida Melo Bíscaro, seu Pedro tem três filhos e três netos.

Ao completar 80 anos, Elvira Gaioli Rossi ganhou dos filhos a edição do seu sonhado livro de poesias. Ela escreve poemas desde muito jovem.

Moradora da Vila Tibério desde sempre, Elvira Gaioli Rossi foi casada por cinquenta e sete anos com Moacyr Rossi. Viúva há três anos, tem cinco filhos e sete netos.

Batizada e casada na igreja Nossa Senhora do Rosário, onde foi, inclusive, “Filha de Maria” e participante do antigo Coral Nossa Senhora do Rosário, cujo maestro era o saudoso professor Orlando Bernardes.

Cursou o primário no 3º Grupo Escolar, hoje, Escola Estadual Dona Sinhá Junqueira.

Trabalhou  como inspetora de alunos nas escolas Walter Ferreira e Sinhá Junqueira.

E foi professora nas escolas Sinhá Junqueira, Hermínia Gugliano (Vila Tibério) e Profa. Eugênia Vilhena de Morais (Vila Virgínia).

Aposentada desde 1998 pela Escola Estadual Profa. Eugênia Vilhena de Morais.

Atualmente participa do Coral Chiquinha Gonzaga, da APEOESP - Sindicato dos Professores da Rede Estadual do Estado de S. Paulo.

Terça, 29 Dezembro 2020 19:31

Ruy Marques Ferreira fez o selo dos 15 anos

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O selo comemorativo dos 15 anos do Jornal da Vila foi desenvolvido pelo artista Ruy Marques Ferreira. Ele tem 61 anos, nasceu em São Paulo e passou, praticamente, toda sua vida em Ribeirão Preto. Desde criança está envolvido com desenho, pintura e literatura.

Autodidata nestas áreas, desenvolveu extensa carreira publicitária como diretor de arte e diretor de criação, trabalhando nas principais agências da cidade, sendo, inclusive, dono de agência e de estúdio de desenho gráfico. 

Paralelamente sempre manteve um trabalho artístico focado em pintura, desenho e literatura, com artigos, livro de contos publicados e um romance ainda inédito.

Hoje continua com trabalho de pintura, utilizando principalmente giz pastel oleoso, técnica que o acompanha por toda sua vida atística. Desenhando com nanquim, via caneta e pincel.

Realiza também trabalhos de desenho gráfico, desenvolvendo logotipos, projetos gráficos variados como cartazes, livros, programação visual de eventos e empresas.

Seu trabalho artístico atual pode ser acompanhado pelo instagram @ruy.marquesferreira e os mais antigos no site:ruymarquesferreira.com 

Alguns de seus desenhos podem ser baixados no site:www.etsy.com/shop/inkmadeinc.

Terça, 29 Dezembro 2020 13:29

A África pulsa na pintura de Macalé

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Macalé, como é conhecido o artista, é Jaime Domingos Cruz, que completa 80 anos agora em setembro. Veio de Orlândia ainda menino e foi morar com a família no bairro da Lapa, depois morou na Vila Tibério finalmente, nos anos 70, construiu sua casa no Monte Alegre.Macalé, como é conhecido o artista, é Jaime Domingos Cruz, que completa 80 anos agora em setembro. Veio de Orlândia ainda menino e foi morar com a família no bairro da Lapa, depois morou na Vila Tibério finalmente, nos anos 70, construiu sua casa no Monte Alegre.

Ensinando a filha a desenhar, começou a encontrar seu caminho, que se firmou depois que o irmão encontrou tubos de tinta a óleo. Sem saber usar o material, ele usou óleo de cozinha para diluir as tintas. Mais tarde, começou a expor na Praça XV. 

Hoje está com uma exposição de seus trabalhos no Tryps Hotel, em fente ao novo Mercadão. E sempre cita os mestres Bassano Vaccarini e Francisco Amêndola.

Com um estilo naïf (primitivo) afro, ele acumula exposições e prêmios.

Campeão de ciclismo amador nos Jogos da Alta Mogiana em Franca, em 1975, Macalé gosta mesmo de ensinar arte para crianças. Participou de um projeto que ensinava meninos e meninas a pintar nos anos 80/90 no Museu do Café. Aos domingos, ministrava oficinas de pintura e argila para a criançada.

Em meados dos anos 90 reeditou o projeto de pintura e escultura para crianças no Parque Maurílio Biagi. Foi um sucesso!

 

SENTIMOS A FORÇA INTERIOR DO ARTISTA

Diante dos quadros de Macalé não nos perdemos em contemplação estética, em julgamentos de estilo ou coisas parecidas. Sentimos a força interior do artista, às vezes poetizada, diluindo-se em abstracionismos, mas quase sempre dizendo-nos da sua gente, de uma África remota e da negritude brasileira. É uma arte anárquica, que vai da pesquisa das cores ao primitivismo das formas, mostrando uma ligação atávica com um continente perdido, a África. Macalé pinta uma cidade de arranha-céus amarelados, uma cena urbana, e no entanto, o que a gente vê? Uma paisagem saariana, umas tabas de Angola ou Moçambique. Essa é a força dele: no subterrâneo de tudo o que ele faz pulsa a África.Diante dos quadros de Macalé não nos perdemos em contemplação estética, em julgamentos de estilo ou coisas parecidas. Sentimos a força interior do artista, às vezes poetizada, diluindo-se em abstracionismos, mas quase sempre dizendo-nos da sua gente, de uma África remota e da negritude brasileira. É uma arte anárquica, que vai da pesquisa das cores ao primitivismo das formas, mostrando uma ligação atávica com um continente perdido, a África. Macalé pinta uma cidade de arranha-céus amarelados, uma cena urbana, e no entanto, o que a gente vê? Uma paisagem saariana, umas tabas de Angola ou Moçambique. Essa é a força dele: no subterrâneo de tudo o que ele faz pulsa a África

Júlio Chiavenato, revista Gutembrg, 2003

Domingo, 27 Dezembro 2020 14:13

Morre o empresário Carlos Pepe

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O empresário tiberense Carlos Roberto Pepe morreu aos 69 anos no dia 9 de agosto, Dia dos Pais, por complicações da covid-19. Ele fundou, há 47 anos, o Pepe Centro Automotivo. O empresário tiberense Carlos Roberto Pepe morreu aos 69 anos no dia 9 de agosto, Dia dos Pais, por complicações da covid-19. Ele fundou, há 47 anos, o Pepe Centro Automotivo. 

Elisabete, a esposa, disse que Pepe era muito trabalhador, que desde menino, quando perdeu o pai, passou a trabalhar. “Seu hobby era pescar, mas só saía depois de verificar se não tinha nenhum problema na empresa. Ele amava viver”, disse Bete.

Marcelo, o filho mais velho, disse que o pai permaneceu internado por 31 dias depois da infecção pelo novo coronavírus e que ele tinha arritmia cardíaca congênita, que estava controlada, e era pré-diabético.

“Ele foi acometido pela covid, que comprometeu os pulmões em mais de 50 por cento. Ficou o tempo todo intubado na UTI e sua saúde foi complicando”, disse Marcelo.

Carlos Pepe deixou a esposa Elisabete, os filhos Marcelo, Lucas e Ângela, além de cinco netos.

Ele cuidava das duas lojas da empresa, que possuem 35 funcionários, com a esposa e os filhos. Ângela, a filha mais nova, mora em Paris, na França.

Antônio Carlos Spinelli Cebollero morreu no dia 16 de agosto, aos 70 anos, vítima de infarto. Ele era artista plástico e torcedor “fanático” do Botafogo.Antônio Carlos Spinelli Cebollero morreu no dia 16 de agosto, aos 70 anos, vítima de infarto. Ele era artista plástico e torcedor “fanático” do Botafogo.Com covid, ele ficou internado, isolado por 14 dias, depois foi para a UTI por 8 dias e mais 4 dias entubado.Deixou a esposa Maria das Graças e os filhos Leandro e Graziella.

Autor de melhor redação, plantou uma sibipiruna, em 1961, no Sinhá Junqueira.

Sua redação com o tema “A Árvore” foi escolhida como a melhor e ele plantou uma sibipiruna no Dia da Árvore, em 21 de setembro de 1961. Maria Apparecida Biava era a sua professora.

Cebollero nasceu na Castro Alves, fez o 1º ano no Batuíra e depois foi para o Grupo Escolar Dona Sinhá Junqueira. Fez admissão e ginásio no Colégio Industrial.

Em 1970 entrou para a Guarda Civil e ficou até 1974. Foi para São Paulo trabalhar como desenhista de artes para as Páginas Amarelas.

Em 1975 voltou para Ribeirão e abriu uma firma de propaganda em painéis. Quando o Botafogo foi campeão da Taça São Paulo, em 1977, pintou um carro Alfa Romeo e foi destaque na revista Placar.Trabalhou até que teve um problema renal crônico e passou por sessões de diálise três vezes por semana, durante nove anos e meio. Há doze anos recebeu um rim em transplante.Trabalhava ultimamente como artista plástico e artesão. Fazia trabalhos usando todos os tipos de técnicas e materiais.

Pintou mais de 200 estandartes de pintura sacra para o padre Gilberto Kasper, na época em que ele estava na Catedral.

Sábado, 26 Dezembro 2020 19:11

A musicalidade de Doni Max

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O cantor e compositor Doni Max, de 57 anos, nasceu em Batatais, mas veio para Ribeirão aos 9 meses. Passou a infância e adolescência na Vila Tibério, lugar que está até hoje. Ele é louco pelo Botafogo.O cantor e compositor Doni Max, de 57 anos, nasceu em Batatais, mas veio para Ribeirão aos 9 meses. Passou a infância e adolescência na Vila Tibério, lugar que está até hoje. Ele é louco pelo Botafogo.Seu gosto pela música veio da influência do pai que era violeiro. E como a música e os instrumentos eram muito presentes na sua casa foi questão de tempo começar a tocar e cantar.Atualmente tem dois tipos de trabalho: um show tocando só músicas do Raul Seixas (Abandoni Toca Raul) e se apresenta também cantando músicas clássicas da MPB.Montou a banda Abandoni em 1992, tocando músicas próprias e também releituras de músicas populares. Hoje com três componentes: Doni Max, Dida Magalhães e Pedrinho Brow.Doni tem um projeto de fazer um show mesclando suas próprias músicas.

Pedro Henrique Frésca de Moraes, conhecido no mundo da música eletrônica com Skullwell (que numa tradução livre seria “caveira do bem”) é um jovem produtor que com apenas 21 anos, está prestes a completar 10 anos de carreira com resultados surpreendentes.


Segundo o site playbpm, especializado em música eletrônica, Skullwell lançou a track “Feel my body” em colaboração com o duo Promise Land. Além de um clipe incrível, a música garantiu a estreia do rapaz na gravadora holandesa de Sander van Doorn (Doorn Records by Spinnin’ Records) e alguns suportes para lá de especiais: Afrojack, Fedde le Grand, Hardwell, Martin Garrix, R3HAB, entre outros. O hit também garantiu posições expressivas no Trending Tracks, chegando a alcançar o terceiro lugar na lista gerada pelos 50 maiores rádios shows do mundo, na plataforma do 1001tracklists.


Ainda no site podemos ler que: é inevitável segurar o orgulho quando tomamos conhecimento de que Skullwell é um produtor nacional e mais ainda, ao saber que tem apenas 21 anos. Pedro é o nome por trás do projeto que já pode ser considerado um verdadeiro fenômeno em plena ascensão, seja dentro do estúdio, tornando-se o primeiro brasileiro a lançar pela gravadora de Don Diablo ou por outras grandiosas como Sony e Bunny Tiger; ou em pista, com apresentações em palcos como Green Valley, P12, El Fortin, Park Art e XXXperience.


Pedro é filho do primeiro casamento da jornalista Daniela Frésca. Depois ela conheceu Alexandre. E o Alexandre Moraes, que sempre curtiu muita MPB, Bossa Nova e Samba. E essas foram as referências iniciais do Pedro, pois naturalmente estava nos mesmos lugares, escutando as mesmas coisas: em casa, nos barzinhos, em casa de amigos...


Com o tempo ele começou a se interessar por outros estilos e pediu uma “controladora” de presente para Alexandre, porque queria ser DJ. Tinha 12 anos na época. Ganhou e a mãe achava que seria algo passageiro, porque na mesma época ele dizia que queria ser “biólogo marinho” ou piloto de avião...


O tempo foi passando e a brincadeira ficou séria. Começou a tocar em casas noturnas e foi emancipado com 16 anos, porque a família não aguentava mais acompanhar Pedro nas viajens aéreas.
Pedro fez o Ensino Fundamental no Sesi 259, localizado na Rua Piratininga Vila Tibério.


Com 17 anos foi para São Paulo fazer Faculdade de Produção de Música Eletrônica, na Anhembi/Morumbi e não voltou mais “pra casa”.


Ele mora atualmente em São Paulo, mas o estúdio que tem em parceria com outro DJ e produtor, fica em Florianópolis, onde ele está desde o início da pandemia.

Delu nasceu na Vila Tibério e deu aulas na Escola Sinhá Junqueira. Hoje, aos 89 anos, dedica-se à natação e cuida de sua horta

Maria de Lourdes Sampaio, conhecida como Delu, tem 89 anos. Nasceu em uma casa na rua Santos Dumont, na Vila Tibério Era filha de Francisco Sampaio Júnior e de Adelaide Zanello Sampaio. Fez Escola Normal no Santa Úrsula e lecionou na Escola Sinhá Junqueira, onde se aposentou. Aprendeu a nadar aos sete anos. Participou dos jogos abertos na juventude. Entrou no magistério e abandonou a piscina por 45 anos.

No final dos anos 90, seu irmão a viu nadar em Guarapari e a incentivou a voltar a competir. Se apresentou para a técnica e passou como sócia atleta da Recreativa.

Começou a progredir, bater recordes na sua categoria, ganhando centenas de medalhas e continua a competir. Treina por uma hora de segunda a sexta-feira. Participa de competições pela ABMN - Associação Brasileira Masters de Natação. Bateu o recorde mundial em 2015 nos 200 metros nado peito em piscina de 50 metros para a sua faixa etária. Foi casada com o tenor Hélio Gori. Morou na Itália por seis anos.

Gosta de se alimentar com comida saudável feita pela irmã, Deli Sampaio. No quintal do fundo de sua casa que ela tira grande parte dos próprios alimentos. Entre flores de diversas espécies, reserva um espaço para cuidar da horta onde cultiva legumes e verduras. É ali que passa as manhãs, cuidando das plantações.

 

Lourdes mostra que idade não é fator limitante

Maria de Lourdes Sampaio é nadadora da Recreativa e completa 90 anos neste 2020. É recordista mundial nos 200m peito na categoria de 85 a 89 anos, marca conquistada em 2015 e homologada pela Fina (Federação Internacional de Natação). Lourdes começou a nadar na casa dos 60 anos, os treinos se intensificaram e ela não parou mais, mostrando que nunca é tarde para recomeçar.

Atualmente reduziu na carga de treinamento. Ela intercala os treinos com o cultivo de sua horta, que ela diz equivaler quase à um treino de academia.

Ela já alcançou conquistas internacionais nos 50m crawl, 100m revezamento medley, 100m costas, mas revela que seu forte é nadar peito. Em uma das suas conquistas, neste ano, nadou com o pé luxado e nem percebeu.

Sexta, 14 Agosto 2020 17:09

Deli Sampaio, a pintora

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Adelaide Sampaio, de 87 anos, conhecida como Deli, nasceu e cresceu na Vila Tibério. Fez Normal no Santa Úrsula, mas queria mesmo estudar pintura. Depois, acabou cursando a Escola Nacional de Belas Artes e sempre trabalhou com pintura. Desacelerou recentemente.

Frequentou o famoso Atelier 1104 que era frequentado por Francisco Amêndola, Bassano Vaccarini, Divo Marino, Jaime Zeiger, Ulieno, Fernando Spíndola e muitos outros. Participou de muitos concursos de pintura.

 

As irmãs Sampaio

Uma é introspectiva e assunta bem antes de falar. A outra é tagarela. São as irmãs Sampaio. Deli não acredita em religião e “nessas coisas”. Lourdes crê em disco voador, ET, e vida após a morte: é espírita (esqueci de perguntar se ela acredita que o homem foi à Lua e se a Terra é plana). Podia ser uma dupla caipira, mas nem de longe pensem nelas como “sertanejas”. Elas são “de raiz”.

Deli me lembra dona Sara, uma senhora classuda, óleo sobre tela do século XVII, de Frans Hals, que está no Museu Gulbenkian, em Lisboa. Deli não tem nada a ver com a velha dama. Tem muito a ver com a coloração que Franz Hals deu às bochechas da judia. Mas a impressão logo se apaga: Hals força um pouco (foi muito bem pago), e o colorido das faces, se observamos bem, parece maquiagem camuflada. Deli é sutil. Ela não capta simplesmente o tom da carnação e as marcas da vida: vai além e elabora a naturalidade do rosto. Basta olhar o retrato da sua mãe, pintada cinco dias antes de ela morrer.

Mas Deli não fala sobre sua pintura. Não tem importância, Lourdes fala por ela. E do alto das suas mais de mil medalhas conquistadas em disputas de corrida e natação, garante: Deli é uma “gênia”. Bem, não foi assim que ela falou, mas é o jeito que entendemos o que ela pensa.

Fernando Braga, do Jornal da Vila, fica chateando Lourdes, que não se chateia e responde sobre torneios de natação e feitos atléticos. Ela prefere contar sobre o Ateliê 11-04, fundado e frequentado pelas duas na década de 1960. Então, vem uma torrente de recordações, sobre muitos mortos e uns poucos vivos. Elas, praticamente, são as duas últimas sobreviventes de um tempo em que havia vida inteligente em Ribeirão Preto.

Uma vez Lourdes viajou à Europa, dividindo quarto com um amigo gay (camas separadas, sem contato). Os dois, duros. De sanduíche em sanduíche viram museus e gentes. O problema foi que o rapaz só tinha um tênis, que precisava ser ventilado à noite. E fedia. Mas o garoto era um amor, ela diz, já não se fazem amizades como antigamente.

As irmãs Sampaio vivem em um paraíso. Não estou exagerando, é uma casa viva, planejada para “ser de artista”, com quadros e fotos cobrindo as paredes. Lourdes também pinta, e bem, mas prefere duvidar da sua arte, “faço porque gosto”. Lá fora, o jardim. Com cores que você verá pela primeira vez, juro pelo deus em que não acredito. Lourdes rouba mudas de plantas por onde passa e elas vicejam no seu jardinzão. Furta até flor de cemitério. Ela, que acredita em tudo, não tem medo das almas?

Se seu fosse indiscreto contaria muitas aventuras dessas irmãs serelepes. Ou sapecas. A vida de Lourdes na Itália, onde conheceu e casou com Hélio Gori (o tenor) – a maior alegria desse casamento foi comer arroz e feijão em Milão. Os aperreios de Deli estudando no Rio, há séculos atrás, que a fez deixar o curso na Escola Nacional de Belas Artes (acho que ela teve sorte, tomou outro rumo e hoje, é a grande pintora, cultivada por uns poucos que têm olhos de ver). E as vicissitudes das artes e da vida. As mortes dos amigos queridos.

Deli diz que não pinta mais. Está desiludida com os rumos da arte contemporânea. Nem é bom falar. Mas ela pinta, sim, ou vai pintar. É apenas dengosa. Já Lourdes aguarda o tempo para fazer um 360. Agora em 2020, aos 90, então, com mais quatro “velhinhas” poderá realizar o 360 (4 vezes 90): uma competição em que uma equipe de nonagenárias nada em conjunto. Ela é incansável: é a maior recordista brasileira de natação e possivelmente a maior do mundo. Não demora, estará no Guinness.

Deus nos acuda!

Júlio Chiavenato

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