Wilson Roveri, com quem trabalhei em várias rádios e jornais, ao notar falta de reconhecimento aos feitos de alguém, protestava com “Rei morto, rei posto”, ditado baseado na mitológica história de Teseu, que derrotou o Rei Minos e herdou o trono, a viúva do rei e a adoração do povo de Creta. No falecimento de Ricardo Ribeiro, em 19 de junho, a imprensa ribeirão-pretana mostrou que está preocupada com outros “reis”. Ricardo não pode ser lembrado somente como o deputado que participou das “Diretas Já” e o presidente que compôs o hino do Botafogo.
Na política e no futebol...
Ele foi presidente nacional do PTB, substituiu Ivete Vargas, falecida em 1984, colocando Ribeirão Preto no cenário político do Brasil, como mostram fotos em revistas da época e imagens das TVs, ao lado de Franco Montoro e Ulisses Guimarães, citados como três lideranças nacionais. Por tratar a todos com igualdade, provavelmente, esta simplicidade confundiu os jornalistas locais. Ricardo Ribeiro colocou também o futebol de Ribeirão no cenário nacional, não só com o acesso do Botafogo em 98 à Série A do Brasileiro e o vice paulista de 2001, ele também presidiu a entidade que cuidava dos interesses dos clubes da Série B.
No Rádio...
Em 1972/73, além de presidente do Botafogo, Ricardo foi proprietário, via UNAERP, da Rádio Renascença (Atual CMN). Para um jogo em Marília viajamos (Domingos Leoni, Wilson Roveri, Sebastião Cabral e eu) no “Landau” presidencial, carro que parecia um avião. No Botafogo e fora dele, quando queriam colocar mais humor na conversa ou demonstrar intimidade, os amigos se referiam a Ricardo Ribeiro como “Menino Jesus”. Nunca pesquisei e nem sei se a origem do apelido é publicável, mas hoje esta pesquisa está prejudicada, aqueles amigos do “Menino Jesus” também já faleceram. Neste caso, qualquer “rei” que se pretender posto estará abaixo do rei morto. Uma história gigante!