Macalé, como é conhecido o artista, é Jaime Domingos Cruz, que completa 80 anos agora em setembro. Veio de Orlândia ainda menino e foi morar com a família no bairro da Lapa, depois morou na Vila Tibério finalmente, nos anos 70, construiu sua casa no Monte Alegre.Macalé, como é conhecido o artista, é Jaime Domingos Cruz, que completa 80 anos agora em setembro. Veio de Orlândia ainda menino e foi morar com a família no bairro da Lapa, depois morou na Vila Tibério finalmente, nos anos 70, construiu sua casa no Monte Alegre.
Ensinando a filha a desenhar, começou a encontrar seu caminho, que se firmou depois que o irmão encontrou tubos de tinta a óleo. Sem saber usar o material, ele usou óleo de cozinha para diluir as tintas. Mais tarde, começou a expor na Praça XV.
Hoje está com uma exposição de seus trabalhos no Tryps Hotel, em fente ao novo Mercadão. E sempre cita os mestres Bassano Vaccarini e Francisco Amêndola.
Com um estilo naïf (primitivo) afro, ele acumula exposições e prêmios.
Campeão de ciclismo amador nos Jogos da Alta Mogiana em Franca, em 1975, Macalé gosta mesmo de ensinar arte para crianças. Participou de um projeto que ensinava meninos e meninas a pintar nos anos 80/90 no Museu do Café. Aos domingos, ministrava oficinas de pintura e argila para a criançada.
Em meados dos anos 90 reeditou o projeto de pintura e escultura para crianças no Parque Maurílio Biagi. Foi um sucesso!
SENTIMOS A FORÇA INTERIOR DO ARTISTA
Diante dos quadros de Macalé não nos perdemos em contemplação estética, em julgamentos de estilo ou coisas parecidas. Sentimos a força interior do artista, às vezes poetizada, diluindo-se em abstracionismos, mas quase sempre dizendo-nos da sua gente, de uma África remota e da negritude brasileira. É uma arte anárquica, que vai da pesquisa das cores ao primitivismo das formas, mostrando uma ligação atávica com um continente perdido, a África. Macalé pinta uma cidade de arranha-céus amarelados, uma cena urbana, e no entanto, o que a gente vê? Uma paisagem saariana, umas tabas de Angola ou Moçambique. Essa é a força dele: no subterrâneo de tudo o que ele faz pulsa a África.Diante dos quadros de Macalé não nos perdemos em contemplação estética, em julgamentos de estilo ou coisas parecidas. Sentimos a força interior do artista, às vezes poetizada, diluindo-se em abstracionismos, mas quase sempre dizendo-nos da sua gente, de uma África remota e da negritude brasileira. É uma arte anárquica, que vai da pesquisa das cores ao primitivismo das formas, mostrando uma ligação atávica com um continente perdido, a África. Macalé pinta uma cidade de arranha-céus amarelados, uma cena urbana, e no entanto, o que a gente vê? Uma paisagem saariana, umas tabas de Angola ou Moçambique. Essa é a força dele: no subterrâneo de tudo o que ele faz pulsa a África
Júlio Chiavenato, revista Gutembrg, 2003