Por melhores condições de vida, Por melhores condições de vida, três irmãos Cicillini atravessaram o Atlântico, com esposas e filhos, e plantaram aqui no Brasil, uma grande família de trabalhadores
O século XX começava a despontar quando a família Cicillini veio para o Brasil. Os três irmãos, Francesco Crescenzo, Salvatori e Paschoale, vieram com esposas e filhos.
Francesco contava com 55 anos, e era casado com Ângela Rosa Caporusso. Com o casal vieram os filhos Domingos (Domenico - 18 anos), Maria Victoria (15), Tomás (Tomaso - 13), Angelina (8), Giovanni Fidelis (5) e Batista. Também vieram, sob responsabilidade de Francesco, a sogra, Maria Rosa Mariani, de 76 anos, e o sobrinho Giovanni Cicillini, conhecido por Bisica.
Com Salvatori vieram Pedro, Antonio, Argenta e Assunta.
Com Paschoale vieram Alberto, Gisutina, Francesco e Cesário.
Os Cicillini saíram de San Giorgio a Liri (província de Frosinone) e embarcaram no navio Bithynie, em 1901, no porto de Napoli. Junto vieram membros das famílias Zunfrilli e Santa Maria, de Ponte Corvo e Pignataro, também da província de Frosinone. Chegaram em 23/9/1901 com destino à Fazenda do dr. Costa Machado, Vila Costina, hoje município de Dumont, onde ficaram por alguns anos.
Em 1908, as famílias Cicillini, Santamaria e Zunfrilli, que vieram da mesma região da Itália, compraram chácaras no Corredor dos Calabreses onde dedicaram-se a diversas culturas. Tinham hortas, com legumes e verduras, pomares, e criavam galinhas, porcos, cavalos e vacas. Compravam apenas sal e açúcar, arroz e feijão, e algum outro item. Usavam banha de porco como óleo e para conservação dos alimentos. Também faziam embutidos e defumavam.
Com a urbanização, a área da chácara ficou reduzida à antiga casa, que tem mais de cem anos, onde todos os filhos de Tomás nasceram e outras 15 casas, que formam hoje uma espécie de condomínio. Uma travessa onde moram hoje os irmãos, filhos, sobrinhos e netos. São 18 famílias e 42 pessoas e é conhecida como Corredor dos Calabreses.
Tomás e Alexandrina tiveram 10 filhos: João, Rosa, Celeste, Antônio, Guido, Eduardo, Jacinta, Ricardo, Aníbal e Sérgio.
Dona Alexandrina morreu em 1958 e seu Tomás em 1968.
A dura vida dos Cicillini
A geração dos imigrantes, que enfrentou condições adversas na Itália, encarou a nova terra com bravura. Seus filhos, nascidos no Brasil, também enfrentaram uma dura realidade.
O Corredor dos Calabreses fica a 3km do Centro e a 2km da Praça Coração de Maria. No começo do século passado existiam apenas algumas casas na Vila Tibério.
Os filhos mais velhos não conseguiram terminar o primário, pela distância que precisavam percorrer à pé e também pela necessidade de braços para ajudar na lida diária da chácara.
As irmãs Rosa, Jacinta e Celeste (já falecidas) são exemplo disso.
Anníbal, hoje com 88 anos, foi o primeiro da família a fazer um curso técnico. Estudou no Sinhá Junqueira e se formou em Contabilidade e Economia na Moura Lacerda. O detalhe é que a escola ficava na rua Duque de Caxias, em frente à Praça XV, e Anníbal ía e voltava à pé.
Em 1950 o ônibus só chegava até a Igreja Coração de Maria. Em 1955, vinha até a rua Epitácio Pessoa. De lá até o Corredor, era tudo terra.
Depois de aposentado, Anníbal foi atrás da história da família. Viajou até a Itália, onde encontrou antigos parentes.
Quase todos os irmãos, com filhos e netos, moram na travessa que restou da chácara. Mas, os Cicillini se espalharam pela Vila Tibério, por toda Ribeirão Preto e até pelo País. São médicos, dentistas, jornalistas, musicistas etc.
“A família tem hoje cerca de 1.500 pessoas”, afirma Anníbal Cicillini.
Hoje moram 42 familiares no Corredor dos Calabreses.