As entidades que integram o grupo SOS Lar Santana apresentaram no dia 8/11, proposta de preservação e ocupação do prédio onde funcionava o Lar Santana, à populaçãos e autoridades municipais. O evento foi realizado na sede da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP).
A proposta foi construída a partir de sugestões colhidas por integrantes do movimento junto a várias instituições da sociedade civil e foi executada pela arquiteta Gabriela Palmeira, que integra o grupo de voluntários que fazem parte do movimento.
A ideia do projeto é apresentar à Prefeitura de Ribeirão Preto - dona do imóvel - a proposta de criação de um espaço multidisciplinar, que envolva a oferta de cursos de formação profissional, música e oficinas de artesanato. Também estão previstos projetos de história oral, que permitam o aproveitamento das memórias de cidadãos da terceira idade - em grande número na região da Vila Tibério - e o compartilhamento com crianças e jovens, como forma de se reforçar os laços entre pessoas e local, fortalecendo o sentimento de comunidade.
Uma das propostas-base é a criação de um Café Cultural, localizado no térreo do imóvel, com o objetivo de tornar possível a ocupação noturna do prédio, a geração de recursos - ainda que mínimos - destinados ao autofinanciamento do local. A ideia do café está presente em dois grandes eixos: Experiências Gastronômicas e Encontros com a Cultura, com a apresentação de grupos musicais e de teatro, sessões de leitura de livros, contações de histórias do bairro e da cidade.
O grupo de entidades que formam o SOS Lar Santana também entendeu ser importante que toda a mão de obra utilizada no Café seja preferencialmente local e alvo de projetos de qualificação profissional, vindos de parcerias com instituições interessadas em participar da ideia.
O grupo SOS Lar Santana é formado por empresários, historiadores, advogados, profissionais liberais e representantes de instituições como a ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Amovita (Associação de Moradores da Vila Tibério), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), entre outras.
Sobre o Lar Santana
Foi fundado em 1948 pela Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição e funcionou até 2014 como uma instituição destinada ao cuidado de meninas. A sua desativação foi decidida pela ordem franciscana.
Em 2015, a Câmara Municipal aprovou uma lei que instituiu o imóvel como patrimônio histórico, cultural e arquitetônico do município. No ano seguinte, por meio de uma permuta por dois terrenos, o imóvel passou a fazer parte da Prefeitura.
O estado de abandono tem sido alvo de diversas reportagens nos meios de comunicação local. Mas, de forma sistemática, pode-se dizer que o jornalista Fernando Braga, do Jornal da Vila Tibério, pode ser chamado de “Guardião do Lar”. Nos últimos seis anos, o jornal tem divulgado periodicamente reportagens denunciando a permanente depreciação do imóvel e a possibilidade de se perder um dos símbolos da Vila Tibério.
O jornalista Fernando Braga, a Amovita e, em um segundo momento, a Distrital Sudoeste da ACIRP, são os embriões do movimento que deram início ao resgate da dignidade do Lar.
José Manuel Lourenço
Coordenador de Relações Institucionais, Comunicação e Informações na ACIRP
Prefeito e secretário da Educação visitam, de surpresa, o Lar Santana
Na manhã do dia 28 de outubro, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, acompanhado do secretário da Educação Felipe Elias Miguel, visitou o prédio onde funcionou, por 82 anos, o Lar Santana.
A Coordenadoria de Limpeza Urbana fez a limpeza do terrenos, assim como do entorno do local, na véspera da visita.
O chefe do Executivo constatou, ao vistoriar a área, localizada à rua Conselheiro Dantas, 984, entre as ruas Conselheiro Saraiva, Aurora e Jorge Lobato, de 7.825 m2 de terreno e 1,3 mil m2 de área construída, fissuras e rachaduras em algumas paredes do prédio anexo. Viu também pias de louça quebradas com as torneiras furtadas, forros arriados pela ação de ladrões ao puxar a fiação.
Nogueira vistoriou todo o prédio, inclusive o porão. Ele prometeu novidades para o Lar Santana ainda este ano.
Imóvel tombado
O lar, que foi cenário da prisão da madre Maurina Borges da Silveira no período da ditadura militar (1964-1985), está tombado provisoriamente pelo Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural) desde 22 de dezembro de 2014.