Resgatando a memória da Vila Tibério e valorizando sua gente!

Fernando Braga

Fernando Braga (12)

Terça, 05 Janeiro 2021 13:24

Hoje tem marmelada?

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Numa andança por Minas, passando por Paraíso, descobri barras de marmelada num canto de um posto de combustíveis. Eram apenas duas barras que foram compradas por mim e por uma colega de passeio.

Tive a felicidade de não conhecer a vara de marmelo que os mais antigos garantiam que não quebrava e que doía muito no lombo.

O doce feito com as frutas do marmelo tem um adocicado suave, bem diferente da goiabada. Tem o gosto da infância perdida.

Marmelada também lembra jogo acertado, combinado antecipadamente. Isso porque muitos colocavam chuchu para render mais e enganar o comprador.

Comi a barra inteirinha, dia após dia, pedaço a pedaço, lembrando que o doce sumiu da cidade grande e só é encontrado nos rincões deste imenso país.

O gosto moderno não combina com a marmelada, apesar de vivermos numa grande marmelada.

E o palhaço quem é?

Terça, 29 Dezembro 2020 19:24

O que o JV significa para mim

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Comemorar 15 anos do Jornal da Vila é muito significativo para mim. Lembra minhas paixões...Comemorar 15 anos do Jornal da Vila é muito significativo para mim. Lembra minhas paixões...

A paixão pelo jornalismo impresso, que me acompanha desde a juventude quando a banca de revista era parada obrigatória e depois, labutando nos jornais de Ribeirão. Trabalho há 45 anos nesta área. Já passei pelo O Diário, Diário da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Ribeirão, A Cidade e Verdade, todos extintos. Trabalhei também no primeiro ano da revista Revide.

A paixão pela fotografia, que fazia por amor, foi a porta de entrada para o jornalismo profissional.

E a paixão pela Vila Tibério, onde sempre tenho o prazer de descobrir histórias, sejam de pessoas, famílias ou estabelecimentos.

Posso afirmar que o Jornal da Vila é a união das minhas paixões e que faço com muito prazer.

Agradeço aos leitores e aos empresários da Vila Tibério, que acreditam e confiam no veículo. Sem eles nunca chegaríamos até aqui.

Terça, 29 Dezembro 2020 19:21

Editorial do Jornal da Vila nº 1, outubro de 2005

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(...) A Vila é um dos poucos bairros de Ribeirão que sabe resguardar suas tradições e seus costumes. Aqui o vizinho não é um estranho, a calçada e a rua são extensões da casa; o cafezinho é oferecido às visitas e os apelidos de infância continuam por toda vida. As cadeiras na calçada já são raras devido aos furtos e à televisão que levou as pessoas para dentro de suas casas. Seus habitantes orgulham-se da história e estão sempre prontos a rememorar o passado.(...)

A Vila é um dos poucos bairros de Ribeirão que sabe resguardar suas tradições e seus costumes. Aqui o vizinho não é um estranho, a calçada e a rua são extensões da casa; o cafezinho é oferecido às visitas e os apelidos de infância continuam por toda vida. As cadeiras na calçada já são raras devido aos furtos e à televisão que levou as pessoas para dentro de suas casas. Seus habitantes orgulham-se da história e estão sempre prontos a rememorar o passado.

Nesta empreitada queremos fazer um jornal DO bairro e não um jornal DE bairro, sem compromisso com a comunidade.

Não servimos a nenhum poder político ou religioso e estamos abertos a todos que queiram participar.

Divulgar o comércio e os prestadores de serviço, relatar os problemas da Vila Tibério e dos bairros adjacentes e, principalmente, ser um canal por onde todos possam se expressar e serem ouvidos.

Quinta, 30 Abril 2020 22:18

Dia de Finados

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“Aqui estão os meus ossos à espera dos vossos!”. Esta inscrição, logo na entrada do Cemitério da Saudade pela Rua Flávio Uchoa, sempre mexeu comigo.

Com 10, 11 anos, cabulava aulas. Baixava no cemitério pelos ônibus da Viação Cometa. Visitava o túmulo paterno e vasculhava todo o local, procurando nomes conhecidos, admirando estátuas e observando frases nas lápides.

Embora seja uma tradição de centenas de anos, o Dia de Finados, para mim, está ligado ao Cemitério da Saudade, onde estão enterrados meu pai, desde 1958, e minha mãe, agora em 2017. Estão também avós, tios e primos.

Nos dias que antecedem o dia dos mortos, famílias inteiras limpam e pintam túmulos e calçadas e dividem a água dos grandes tanques, que ficam nas esquinas das quadras, com pessoas que são pagas para cuidar dos jazigos. Flores são depositadas sobre túmulos de mármore ou granito, com grandes esculturas e acessórios de bronze, assim como nos de cerâmica e, até nos mais simples, de cimento. Para ricos ou pobres, a morte é igual.

Entre os túmulos mais visitados do Cemitério da Saudade, chama a atenção o de José Martins de Almeida, que ficou conhecido como “Menino Zezinho”, que nasceu em Altinópolis, em 1938, e veio para Ribeirão quando ainda era bebê. Diagnosticado com filariose (elefantíase), doença parasitária que gera inchaço extremo dos membros.

Zezinho inspirava compaixão por causa da deformidade causada pela elefantíase, numa época em que não existia tratamento para a doença. Nessa época, teria tido uma visão com Santo Antônio e passado a benzer. Segundo relatos da década de 1940, grandes filas se formavam para receber as bênçãos do menino. Zezinho morreu ainda criança, aos nove anos. A devoção e a crença de que ele era milagreiro ninguém sabe ao certo, mas desde aquela época seu túmulo (sepultura nº 1.632 da quadra 12) é o mais visitado. O mausoléu do menino tem cerca de 300 placas de oferendas e agradecimentos por graças alcançadas.

São bastante visitados também os Túmulos das Almas (um na quadra 27 e outro na quadra 16). Depois de 50 anos, os mortos enterrados em valas comuns foram transferidos para o ossário geral, que depois de lacrado, se transformaram em Túmulo das Almas. É grande o número de pessoas que deixam flores e acendem velas para lembrar de tantas pessoas que depois de mortas ficaram esquecidas.

Uma coisa que sempre chamou a minha atenção é o túmulo com a estátua de um cão dálmata. Segundo funcionários do Cemitério da Saudade, o cachorro acompanhou o cortejo do dono e ficou ao lado da sepultura. A família tentou levar o cão embora, mas ele ficou lá até morrer, uns 40 dias depois. Na lápide consta a seguinte inscrição: “Só a morte destrói a fidelidade de um cão”.

Essas memórias, afetivas e curiosas, me tocam e lembram de uma brincadeira de minha mãe, que na sua lápide deveria constar: “aqui jaz Dirce, muito a contragosto”.

Quinta, 30 Abril 2020 22:18

O velho Estádio Luiz Pereira

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Meu primeiro contato com o Estádio Luiz Pereira foi quando acompanhava meu pai, pelo muro alto da Rua Paraíso, e perguntei o que eles faziam lá dentro gritando?

O Luiz Pereira pode ser considerado um dos pilares econômicos que impulsionaram o desenvolvimento da Vila Tibério. Os outros foram a Estação da Mogiana, a fábrica da Antártica, e o Antigo Banco Construtor, na Joaquim Nabuco.

A Vila Tibério, na época, tinha uma iluminação muito precária, as luzinhas amarelas deixavam as noites com um ar de pequenas cidades dos confins do interior. Mas, nas noites de quarta-feira, fachos de luz branca explodiam clareando aquele pedaço de céu. A luz e a gritaria atraíam a molecada como aleluias procurando a lamparina.

O Bar do Paciência vendia, no início dos anos 60, mais do que todos os outros dias do mês. Era um “natalzinho“ quando havia jogo na Vila Tibério, que era invadida por moradores de toda a cidade.

Os meninos ficavam ao lado do portão, quietos, esperando o porteiro pegar pelo braço um ou dois de cada vez e colocar para dentro.

A história do estádio Luiz Pereira começa no início dos anos 20 quando o Comercial, que havia emprestado seu campo para um jogo do Botafogo contra Uberaba Sport, voltou atrás e cancelou o empréstimo. Mexeu com o brio dos dirigentes da época e a rivalidade entre a dupla Come-Fogo começou a ganhar corpo. Compraram o terreno por 5 contos e 500 réis e o campo do Botafogo passou a receber os jogos do time e foi sendo construído pouco a pouco.

A emoção de ver o goleiro Machado, a certeza de muitos gols com a linha mágica dos anos 60 (Zuíno, Laerte, Antoninho, Henrique e Geo), a elegância de Tiri, as faltas de Carlucci. As arquibancadas cheias balançando ao ritmo da torcida enlouquecida, e o grito de gol.

O nome do estádio nasceu de um pacto entre os diretores da época que ajudaram na compra do terreno e no início das construções. Quem entre eles morresse primeiro receberia a honra de ter seu nome eternizado. Luiz Pereira foi gerente da Antarctica, presidente do Botafogo em 1936.

Domingo e quarta-feira de jogo era um acontecimento na Vila Tibério. Enquanto muitos iam para o estádio, tantos outros divertiam-se vendo o movimento dos torcedores chegando e lotando os bares, esgotando todo o estoque de cerveja disponível.

O auge do Botafogo no Estádio Luiz Pereira foi na década de 60 quando era difícil vencer o Botafogo no chamado Fortim da Vila. Mesmo os “times grandes” suavam a camisa e, na maioria das vezes, acabavam derrotados.

Mas, a velha rivalidade mexeu com os dirigentes do Botafogo mais uma vez. A construção do estádio do Comercial nos altos da Vila Paulista (assim chamado o bairro na época) também levou o Botafogo para o outro lado da cidade. Começaram a construir o Estádio Santa Cruz no recém-lançado bairro da Ribeirânia e transformaram o velho Luiz Pereira em um clube poliesportivo.

Muita gente considerou como traição o time deixar o bairro cujos moradores ajudaram a construir o estádio com trabalho e também financeiramente. O famoso barbeiro Egydio Tamburus jurou nunca pisar no campo que estava sendo construído. Morreu muitos anos depois da inauguração e cumpriu sua promessa.

Em 2011, a área do antigo Luiz Pereira, depois Poliesportivo do Botafogo, foi vendida em leilão por dívidas trabalhistas.

Hoje, do velho estádio, restaram somente os altos muros que circundam a área, a arquibancada da rua Santos Dumont, uma quadra multiuso, e uma piscina olímpica, tudo abandonado e em avançado estado de deterioração. Um caseiro toma conta do local. Ele cria e vende galinhas e porcos, além de ovos.

É um triste fim para local com passado tão glorioso e uma vergonha para Ribeirão Preto, que não cuida de seu patrimônio.

Terça, 20 Agosto 2019 20:14

Há 40 anos vivendo de impresso

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Este é um ano especial para mim. Há 40 anos comecei a trabalhar em jornal. O mais importante desta história foram as revoluções que presenciei na área gráfica. São três formas para se editar um periódico, ou seja, foram duas revoluções que mudaram a maneira de se fazer jornais.

Em 5 de março de 1975, quando subi as escadas que levavam à redação do jornal O Diário, começava o meu fado. Fui contratado como fotógrafo pela equipe conduzida por Sérgio de Souza e José Hamilton Ribeiro, com inúmeros colegas talentosos. Em setembro do mesmo ano já estava no Diário da Manhã onde, em 1976, aprendi diagramação com o mestre Luiz de Lucca.

O nome diagramação vem do ato de desenhar as páginas em um diagrama, que podia ser em escala ou tamanho natural. Os textos datilografados em máquinas de escrever eram calculados e se determinava as medidas de colunas, a fonte, o corpo e a entrelinha.

A composição era feita em linotipos, máquinas que soltavam linhas de chumbo de acordo com a marcação (chamada retranca) para formar os textos. Para os títulos de caixas, eram determinados o corpo e a fonte. As fotos eram encaminhadas para a clicheria, que, de acordo com as especificações do diagramador, poderia ampliar ou diminuir o tamanho final dos clichês. Então o paginador seguia as instruções no diagrama e montava as páginas com as linhas da linotipo, os títulos e os clichês em ramas, retângulos de ferro. Depois as ramas eram colocadas na impressora rotoplana, que funcionava com bobinas de papel e imprimia cadernos que já saíam dobrados.

Primeira revolução
A chegada das impressoras off-set mudou a forma de se paginar. A composição passou a ser feita em “composers” IBM e posteriormente da Forma. Os títulos podiam ser feitos em fotocomposição ou em “Letraset” e a paginação virou o “past-up”, que era o ato de colar os textos que vinham em tiras de papel, assim como os títulos. No lugar onde iriam as fotos, era deixada uma “janela” que era preenchida com o fotolito reticulado, para dar o meio tom das fotos. As páginas eram “fotolitadas” em alto contraste. Depois o fotolito era encaminhado para gravação de uma chapa que seria enrolada em um dos cilindros da impressora.

Segunda revolução
Com a computação gráfica veio a terceira forma de se paginar jornais. As páginas são montadas no computador e enviadas pela internet para a gráfica, que já grava a chapa, sem utilizar fotolitos, para serem impressas.
Hoje, acho o nome diagramação fora de contexto. Paginador seria mais adequado, no meu ponto de vista.

Vida profissional
Depois trabalhei no Diário de Notícias, Jornal da Ribeirão, voltei para o Diário, Verdade e A Cidade.
Participei de jornais alternativos como o Comtudo, diagramei a revista Revide nos dois primeiros anos. Inúmeros jornais de sindicato, associações e cooperativas passaram por minhas mãos. Hoje faço jornais, revistas e livros para sobreviver, além do Jornal da Vila, que vai completar dez anos.
O Jornal da Vila começou em outubro de 2005 com oito páginas impressas em uma cor e tiragem de três mil exemplares. Agora o jornal circula com 24 páginas impressas em 4 cores, com tiragem de dez mil exemplares. É um jornal em formato germânico, impresso em papel jornal, que circula mensalmente, com distribuição gratuita, casa a casa e nos principais pontos comerciais da Vila Tibério e nos bairros adjacentes com forte afinidade.
Trata-se de um jornal de bairro que busca resgatar a história da Vila Tibério por meio de pesquisas e memória de seus moradores.

Terça, 20 Agosto 2019 19:57

Na Vila tem...

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Historinha com sobrenomes sugestivos.

Na Vila tem Jardim. Tem Cravo e Rosa, tem Roxo e Russo. Tem Albino, Branco, Branquinho, Claro, Moreno e Negrão.

Tem Calvo e Cabello.

Fracasso, Próspero e Vitória, como os Inocente, não são Parente. Paciência!

A Vila também tem Anjos. Tem Abade, Bento, Profeta, Evangelista e Bispo, tem Buda, Messias, Papa, Jesus e Deus. Tem Céu e Terra. Tem Guerra e Paz. Com Trombeta, Tromboni e Cruz.

Tem Cebollero, Peixeiro, Marinheiro, Bicheiro e Montanheiro. Tem Gentil, Valente e Nobre, tem Reis e Cavalheiro.

Cabral e Colombo estão ancorados por aqui.

Para o Caçador ficar Feliz, tem Coelho, Pardal e Leitão, tem Carneiro, Galo e Lebre, tem Bezerra, Cordeiro, Sardinha e Urso.

Essa não é uma brincadeira de Gatto e Ratto.

Terça, 20 Agosto 2019 19:54

O noivo bafudo

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(História fictícia baseada em acontecimentos verdadeiros, como a passagem da porteira, o Come-Fogo e o enterro, que ainda menino, presenciei)

Domingo, meado dos anos 60. Carlos ia almoçar pela primeira vez na casa de Carmem Lúcia. Pensava em casamento.

Desceu a Duque de Caxias e, ao chegar na Luiz da Cunha, parou na cancela do trem. Era a única ligação do Centro da Cidade com a Vila Tibério.

“Maldita porteira, tinha que fechar bem agora!”, lamentou.

Uma locomotiva a vapor, conhecida como Maria-Fumaça, fazia manobra pelo pátio da Estação da Mogiana. As “porteiras” interrompiam a passagem de veículos e pedestres. Os mais apressados corriam pelo túnel malcheiroso que passava por baixo da linha férrea. A maioria aguardava o fim das manobras.

Carlos, impaciente dentro do sua “Vemaguete”, pensava que poderiam não gostar do seu atraso. Mas, na verdade, o que o incomodava mesmo, era o fato de ele ser torcedor do Comercial, e isso era considerado um crime pelo pai de Carmem Lúcia. Ela aceitava a preferência do seu amado, mas pedia para Carlos guardar segredo.

“É melhor não falar em futebol”, dizia ela.

“Aqui nesta casa não tem bafudo...”

“Seu” Pedro tinha orgulho de dizer que naquela casa só entravam produtos da Antarctica, fabricados na Vila Tibério, e que ele, embora filho de ferroviário da Mogiana, sempre trabalhara na cervejaria. Orgulho maior era dizer que toda a família era composta de botafoguenses.

“Aqui, graças a Deus, não tem nenhum bafudo”, dizia, atrás de um bigodinho bem aparado.

Carlos passou pelos bares da Luiz da Cunha, todos lotados, e virou na Conselheiro Dantas. Passou em frente ao Grupo Escolar Dona Sinhá Junqueira, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário e virou na Santos Dumont, na esquina do Bar do Paciência.

Enfrentando o sogrão

Parou em frente à casa com um pequeno alpendre e desceu, enxugando o suor, provocado pelo forte calor e pela ansiedade.

Carlos foi recebido por Carmem Lúcia e seu irmão, um jovem com seus 16 anos. Entraram e
“seu” Pedro foi logo oferecendo um copo de cerveja. A mãe, dona Lurdes, veio cumprimentar o rapaz e voltou logo para a cozinha, acabar o almoço.

“Seu” Pedro foi logo inquirindo sobre o que fazia e qual time torcia. Carlos contou que trabalhava como vencedor em uma loja e que não ligava pra futebol.

“O quê? Não gosta de futebol, pois hoje tem Come-Fogo e você vai comigo ver o que é um time de verdade”, afirmou.

Carlos não teve alternativa. Depois de uma deliciosa macarronada com frango e muita cerveja, foi com o “sogrão” e o “cunhadinho” para o Estádio Luiz Pereira, a alguns quarteirões dali.

No Come-Fogo

O Botafogo ganhou por 5 a 2, com gol de Laerte, dois de Antoninho e dois de Geo. Era um tal de abraços e pulos que não acabava mais. Carlos quase se traiu no gol de Carlos Cézar.

Depois do jogo, “seu” Pedro falou que a comemoração de verdade iria acontecer no Bar Botafogo, do Chanaan Pedro Alem. Lá, centenas de pessoas, todas com cerveja na mão, gritavam eufóricas. Um caixão de defunto apareceu dos fundos das canchas de bocha e imediatamente “seu” Pedro pegou uma das alças e colocou as mãos do “genro” em outra. Virou uma verdadeira procissão com a multidão acompanhando o caixão e cantando: “Dia 13 de Maio, na Vila Tibério, o Bafo apanhou de cinco a zero; Ave, Ave, Ave Maria...”.

Carlos, segurando uma das alças daquele fatídico caixão pensou: “O que a gente não faz por amor!”.

Terça, 20 Agosto 2019 19:53

Salvo por um cappuccino

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Um momento mágico. Assim me pareceu aquela tarde de inverno quando voltava para casa e senti um desejo forte de tomar café.

Ao passar por um supermercado resolvi comprar um pote de cappuccino.

Estava caminhando tranquilamente, quando ouvi uns gritos desesperados de uma mulher. Olhei para trás e vi um enorme rotweiller preto galopando em minha direção.

Pensei em correr e pular o portão de casa, mas faltavam quase dez metros para chegar e vi que não ia dar tempo e o cachorro iria me pegar no caminho. Desesperado, com o monstro latindo em minha direção, não me estou alternativa a não ser enfrentá-lo.

- Passa, passa!!! Sai cachorro!!!

Enquanto gritava com o animal, girava o saquinho do supermercado com o pote dentro.

O medo fez com que aumentasse a velocidade do giro e o saquinho virou uma hélice em minhas mãos. Era minha única arma.

Enquanto isso gritava:
- Passa, passa!!! Sai cachorro!!!

Nisso, o saquinho de plástico não aguentou e furou, deixando o pote de cappuccino voar e estourar na parede ao lado.

Pooouuuuuuuuuuuu!!!!!!

Uma grande explosão e, logo após, uma nuvem de fumaça branca de cappuccino se formou, assustando o bicho que, sem entender nada, fugiu.

Senti uma mistura de medo com a sensação de ser um David Copperfield, aquele mágico da TV.

Entrei em casa e, naquela tarde, me contentei com um copo de água com açúcar.

Terça, 07 Mai 2019 22:20

Roberto Carlos não é meu rei

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Todo final de ano é sempre a mesma coisa. A rede Globo faz um show do conhecido cantor, proclamando-o como “rei”.

Vou logo dizendo: a rede televisiva não tem o meu consentimento para ficar dizendo, toda hora, que o sr. Roberto Carlos é o “meu” rei.

Respeito o trabalho do cantor e sei que ele tem um “milhão de amigos”, é um cara “papo firme”, um “amante à moda antiga”, mas “muito além do horizonte” eu grito “nas curvas da estrada de Santos” que ele não é o “meu” soberano.

Prefiro outros compositores e intérpretes, mas nem por isso declaro qualquer um deles como rei.

“Falando sério”. Quando “ele está aqui”, ele é uma pessoa que precisa de “o divã”, pois “na paz do seu sorriso”, “embaixo dos caracóis dos seus cabelos”, “ele é terrível”, e suas manias não são “pequenos detalhes”. Se o leitor, em momentos, pensa que eu “quero acabar com ele”, e que “tudo mais vá pro inferno”, está enganado!

Agora, “o cara” desmente a sua história e depois de trinta anos “voltou pras coisas que deixou” e diz que foi vegetariano, mas sentia vontade de comer carne.
Acredito que quando o artista passa por um processo de mitificação, um pequeno homem se esconde atrás do gigantesco mito. Aí, ele já não sabe mais quem é ele próprio. Desconhece onde começa um e termina o outro.

A mesma rede de televisão também trata Xuxa como rainha. “Rainha dos baixinhos”. Aí, fico muito à vontade para afirmar que não sou seu súdito, pois já sou bem crescidinho e acredito que ela também misturou a imagem adocicada que é vendida nas telinhas com o seu eu real, num processo de dissociação da personalidade.

Agora, um caso a parte é o “rei” da bola, sr. Edson Arantes do Nascimento que, mesmo sendo um craque dentro do campo, foi um desastre quando emitiu suas opiniões fora das quatro linhas.

Numa época ele se posicionou contra as “diretas já” afirmando que o brasileiro não sabia votar. E recentemente afirmou ser mais famoso que Cristo. Ele talvez até tenha razão, se considerarmos que milhões de muçulmanos, budistas, hinduístas e pagãos podem saber quem é Pelé e desconhecer Jesus.

Mas, falta-lhe apenas o que dá mais grandeza a um rei. A humildade.

E eu, que não sou nenhum bobo da corte, sei que “é preciso saber viver...”

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