Histórias fantasiosas ou tudo aquilo que o homem não consegue explicar, tornam-se mistério e mistério transforma os fatos mais fascinantes. Isto também se aplica em lendas que são transmitidas de geração a geração. Por aqui temos um folclore muito rico e diversificado através de uma mistura de outras culturas como a portuguesa, a africana e a indígena.
Dos índios temos as lendas que enriquecem nossa cultura popular. São histórias fascinantes que encantam todas as idades. Mas, a maior importância nesse fato é o modo como os indígenas contavam as histórias de seus costumes, explicavam as origens do mundo, dos fenômenos da natureza, das plantas, da fauna e dos astros celestes.
Elas ensinam como cuidar da natureza e muitas delas falam sobre mitos como o Caipora ou Curupira que ajudam a proteger nossas florestas contra invasores mal-intencionados. Muitas contam histórias sobre a coragem de valentes guerreiros. É uma pena que a maioria das crianças de hoje, está mais voltada para os contos de fadas “made in Hollywood”. Não desmerecendo, mas temos contos tão lindos quanto. Entre eles, temos a lenda da mandioca que é explicada através da triste história da pequenina índia Mani.
Mani era a linda neta do cacique, muito amada pela sua tribo e se diferenciava por sua beleza e sua pele muito branca. Porém, morreu durante o sono e pela manhã sua mãe a encontra morta. A indiazinha foi enterrada na própria oca onde morava. Com grande tristeza e inconsolável com a perda, sua mãe passava os dias chorando. Suas lágrimas eram tantas que molhavam a terra onde Mani estava enterrada como se a mesma fosse regada. No local nasceu uma planta diferente de todas as outras. A mãe começou a cuidar da mesma com muito carinho. Um belo dia notou que a terra estava rachando e cheia de esperança achou que sua filha estava renascendo. Começou a cavar até que encontrou raízes brancas por dentro como sua querida Mani. Então, ela resolveu cozinhá-las e assim, foi descoberto um dos principais alimentos dos indígenas, a mandioca. O nome foi criado em homenagem a pequena índia com a junção de seu nome Mani com Oca, o lugar em que foi enterrada.
Outra bela e triste lenda indígena, da região do Amazonas, conta a história do guaraná. Assim como os famosos contos infantis, poderia muito bem começar com era uma vez um casal de índios que vivia muito triste porque não tinha filhos e pediu ao deus Tupã que realizasse o seu desejo. Tupã realizou o desejo dando ao casal um menino bonito e forte, com olhos pretos como a noite e que se tornou muito querido pela tribo. Mas, Jurupari, o deus da escuridão, morria de inveja do indiozinho e resolveu matá-lo. Um dia em que o menino estava sozinho colhendo frutos na floresta, Jurupari se transformou em serpente atacando o pequeno índio. O deus Tupã até que tentou avisar os pais sobre o perigo que o filho corria mandando trovões ensurdecedores. Mas, não deu tempo até que a serpente o matasse envenenado. Vendo a tristeza dos pais, Tupã mandou que plantassem os olhos do indiozinho para deles nascessem uma planta cujo fruto daria energia para as pessoas que o comesse. Assim, no lugar onde os olhos foram plantados nasceu o guaraná, uma frutinha preta como os olhos do indiozinho.
Ainda da mesma região temos a lenda sobre a Vitória-régia, símbolo da Amazônia. A lenda é sobre a índia Naiá. Em sua tribo acreditava-se que Jaci, a deusa lua, levava as mais formosas jovens virgens da aldeia para transformá-las em estrelas. Este era o grande sonho de Naiá que todas as noites saia em busca da deusa. Seu desejo era tão grande para encontrá-la que vagava pela noite na esperança de encontrá-la. Uma noite, cansada de procurar por Jaci, parou para descansar às margens de um rio e ali viu o reflexo da lua. Sem pensar, por conta de seu sonho e achando que ela veio buscá-la, se jogou no rio e acabou se afogando. Jaci, a deusa lua, ficou muito triste pela morte de Naiá e decidiu dar a ela uma linda homenagem, transformando-a em uma majestosa planta aquática, diferente de todas as demais recebendo o nome de estrela das águas, conhecida como Vitória-régia. Dela sai uma planta perfumada que só desabrocha à noite e com a luz do sol fica cor-de-rosa.
Bem simples, é a bonita lenda sobre a existência do Sol e da Lua. Conta história que no meio da floresta amazônica existiam duas tribos rivais, uma no alto de uma montanha e outra no vale. Embora, bem perto uma da outra era proibido o contato entre eles, devido sua grande rivalidade. Um dia, o filho do cacique do alto foi caçar e encontrou uma bela índia da tribo do vale. Deste encontro, nasceu um grande amor entre eles que começaram a se encontrar as escondidas na floresta. Mas, foram descobertos por um grupo de índios da tribo da montanha que os levaram para o alto do monte. Como a lei da tribo da montanha poderia castigar com pena de morte em caso de contato entre as duas tribos, ao tomar conhecimento de que seu filho era um dos envolvidos no fato, o cacique da tribo ficou desesperado. Para que seu filho não morresse ele pediu ao pajé que preparasse uma poção para que o casal se transformasse em astros celestes. O pajé aceitou o pedido do cacique e logo que beberam a poção mágica foram transformados, ele no Sol e ela na Lua. Foram viver na eternidade, bem longe das tribos. Por este motivo, o Sol está sempre procurando a Lua, mas raramente se encontram. E, quando isto acontece, eles se abraçam, provocando o fenômeno chamado eclipse solar. Simples assim.
Bem, muitas outras lendas existem que variam conforme a região. Os povos indígenas já estavam aqui há muito tempo antes da chegada de nossos colonizadores. Tribos ricas em costumes e tradições que em grande parte eles destruíram pela ganância e poder. Muito triste saber que muitas tribos se deixaram contaminar pelo modernismo e pela tecnologia da época atual. Isto é inevitável, mas, que não percam as essências de seus costumes, tradições e de seus ancestrais. A cultura indígena enriquece e embeleza nossa história.