No início dos anos 60, a Vila Tibério era um bairro pacato. A ligação com o Centro da Cidade era pela Rua Luiz da Cunha, que tinha duas mãos de trânsito. Na passagem sobre os trilhos da Mogiana, existiam duas porteiras que fechavam quando passava algum trem. As demais ruas, Martinico, Santos Dumont, Dr. Loyola e Bartolomeu de Gusmão terminavam nos fundos da Estação.
Morava no quarteirão do Cine Marrocos e quando ia para a escola, o barbeiro Egydio Tamburus brincava com a gente. Estudava na escola Sinhá Junqueira.
Certo dia apareceram alguns homens, de branco, carregando grandes caixas. A aula foi interrompida e dois homens entraram na sala com uma pequena caixa. Retiraram pequenas ampolas e foram dando aos alunos perfilados.
O frasco já estava aberto e a orientação era para fechar o nariz com uma das mãos e com a outra virar o conteúdo de uma só vez. Um gosto horrível.
Era a vacina BCG (que protege contra as formas graves da tuberculose) usada até 1968 por via oral.
O pior mesmo foi a “fake news” que correu entre os alunos da escola: “que a vacina era feita com cuspe de tuberculosos”.
Uma coisa tenho certeza, esta vacina protegeu a minha geração contra uma doença terrível.