Mais um ano se passou, mais um ano de convivência com esta figura maravilhosa e importante na história do Botafogo e da comunidade ribeirão-pretana. Em setembro de 2019 escrevi que a primeira semana de setembro tem ligação histórica com Botafogo, Ribeirão Preto e Minas Gerais, porque há três datas significativas a comemorar: Dia da Independência (7/9/1822), estreia do Botafogo no Campeonato Brasileiro no Mineirão contra o Cruzeiro (4/9/1976) e nascimento de Henrique Salles (5/9/1936).
Camisa 10...
Nascido em Carangola-MG por circunstância, mas filho de Ubá-MG, Henrique Salles foi o camisa 10 do Botafogo de 1960, que tinha o ataque com Zuíno, Laerte, Antoninho, HENRIQUE e Géo, que o jornalista Fernando Braga, do Jornal da Vila, chamou de “Linha Mágica”, o mais eficaz da história tricolor. É também um dos mais importantes dirigentes do futebol de Ribeirão Preto, responsável por organizar o futebol do Botafogo no acesso para a elite nacional em 1998 e na conquista da Série A3 em 2006.
Odontologia..
.Henrique foi selecionado por Aymoré Moreira para a Seleção Brasileira que seria reformulada após a Copa de 62. Brilhou no futebol e na odontologia, participou de projetos de grande importância social. Aliás, desenvolveu um trabalho - “Odontologia Aplicada ao Esporte” - de alto nível. Conseguiu montar consultório sem custos no Botafogo, mas o equipamento deteriorou por desleixo dos cartolas. Henrique brinca que é “Sub-90”. A ele devemos reverenciar e agradecer hoje, nos seus 84 anos, e sempre.
CARLOS ORLANDI
No dia 15 de setembro faleceu, aos 80 anos, um dos maiores ícones do rádio de Ribeirão Preto: Carlos Orlandi. Após um AVC, cinco anos atrás, Orlandi teve trajetória saudável ao lado dos familiares, mas limitado por uma cadeira de rodas, contrastando com seu dinamismo que sempre caracterizou sua vida profissional. Semana passada contraiu pneumonia e, internado, aguardou o resultado do teste da covid-19, que deu negativo. Receberia alta na segunda-feira, mas houve uma piora e faleceu na terça-feira.
Pioneiro na TV...
Além do rádio, Orlandi integrou a equipe da primeira emissora de TV instalada em Ribeirão Preto, uma afiliada da TV Tupi, no final da década de 50 até 1963. Quando cheguei a Ribeirão Preto, em 1971, ele estava realizando suas últimas transmissões, trocava o microfone pelo Departamento Comercial da Rádio 79. Como repórter era temido pelos concorrentes porque não titubeava em aplicar um golpe de mestre para obter matérias exclusivas. O que lhe rendeu muitos furos, mas também “inimizades”.
Ousadia e criatividade...
O “Off-Tube” (locutor no estúdio, vendo o jogo pela TV) hoje é recurso para diminuir custos, naquela época era por falta de tecnologia, houve até transmissão sem ver o jogo. O Comercial jogava numa cidade onde instalar linhas era inviável. Carlos Orlandi e o narrador (Pedro Giacomini ou Moraes Neto) usaram um telefone emprestado na cidade vizinha. Orlandi, de cima do telhado, para ouvir a transmissão da rádio local, dava sinal para o narrador, que, ao telefone dentro da casa, criava os lances baseando-se nos sinais recebidos. Ginástica que garantiu exclusividade. O “rádio do céu” ganha grande reforço.