Já contei para os leitores do Jornal da Vila, em coluna publicada em 2019, a história de uma viagem da delegação do Botafogo para disputar um jogo do Campeonato Brasileiro na década de 70, que o técnico teve que refazer sua convocação. Era a primeira participação do “Pantera” em campeonato nacional da elite. O técnico era Jorge Vieira, havia chegado com fama de disciplinador e rigoroso nas suas exigências. Um dos atos mais impactantes de sua autoridade foi dispensar Júlio Amaral e Cunha, estrelas do time, algo inimaginável. Naquela época o diretor de futebol do Botafogo era João Olaia Paschoal, o “Joãozinho da Farmácia”, como era conhecido em Pontal, sua cidade natal.
A viagem...
A empresa de João Olaia Paschoal era na Vila Tibério, Rua Conselheiro Saraiva. Um dia o meia-esquerda Cunha chegou à empresa do diretor bufando: “O ‘cumpádi’, o homem me deixou de fora, não posso ficar em Ribeirão, tenho que viajar”. O jogo era no Nordeste. Habilidoso, João Olaia tranquilizou Cunha: “Calma, Cunhita, vamos conversar”. Trancaram-se na sala por alguns minutos e pronto. Cunha seguiu com a delegação. Não se sabe até hoje o que Olaia falou para Jorge Vieira, nem como o técnico se justificou para incluir na delegação um jogador que ele havia cortado da viagem. Ficou claro que autoridade de técnico tinha limite, até quando era Jorge Vieira.
A promessa...
Olaia, como diretor possuía habilidade, criatividade, simplicidade e bom humor no trato dos assuntos do clube. Em 1977, quando o Botafogo chegou à final contra o São Paulo ele prometeu: “Se o Botafogo for campeão, vou plantar uma bananeira no Morumbi”. Ao final do jogo, com título da Taça Cidade de São Paulo (1º turno do Paulistão), lá estava João Olaia Paschoal no círculo central do Morumbi com os cotovelos apoiados no gramado e as pernas esticadas para cima. Fotografado e filmado pelos principais fotógrafos e canais de TV, o “Joãozinho da Farmácia”, famoso em Pontal, ficou famoso no Brasil inteiro como “João Bananeira”. Hoje, aos 85 anos, ele mora em Vitória-ES.