Durante o período em que o Come-Fogo era a maior atração do futebol de Ribeirão Preto, os repórteres esportivos das rádios locais tinham fundamental importância na semana do clássico. Eles levantavam os assuntos explosivos, muitos não vingavam, mas outros se tornavam o grande tema do Come-Fogo, mobilizando as duas torcidas, apimentando ainda mais a rivalidade entre botafoguenses e comercialinos. Márcio Morais era mestre em levantar polêmicas, Antônio Magrini inventava histórias mirabolantes, era tão convincente que muitos acreditavam em suas histórias. Sempre optei pelo fato jornalístico e vivi dois episódios marcantes.
A “varinha” de maestro...
Após um treino em Palma Travassos, eu estava gravando entrevista com um jogador do Comercial sobre o Come-Fogo, que seria disputado no domingo em Santa Cruz, quando o zagueiro Rostain passou e gritou: “Eu vou quebrar a varinha do maestro”. Uma alusão à batuta do regente da “Orquestra”, como era chamado o time do Botafogo. O brado do zagueiro comercialino ficou nítido na gravação e, explorado pelo locutor Domingos Leoni nos programas esportivos da Rádio Renascença, repercutiu de tal forma que o assunto dominou a semana do Come-Fogo. Tiri, técnico do Botafogo, e supostamente o maestro, ficou chateado. Para completar, de falta, Rostain fez o gol de empate (1 a 1).
A esposa de Sócrates...
O primeiro microfone sem fio fabricado em Ribeirão Preto, pelo saudoso José Ávila, inaugurei no Parque Antártica, Palmeiras x Botafogo, pela Rádio 79. Mas foi com um rádio transmissor HT, utilizado como microfone sem fio, que fiz uma matéria exclusiva de grande repercussão durante um Come-Fogo em Palma Travassos, pela Rádio Cultura, equipe comandada por Helton Pimenta. Nas arquibancadas lotadas, descobri Regina e a entrevistei no seu primeiro Come-Fogo como esposa de Sócrates. Estavam casados havia pouco tempo. Hoje sem Sócrates, sem Regina, sem assuntos explosivos, sem bons repórteres e rádios fortes, o Come-Fogo também não tem emoção nem futebol.