“Meu pai era pedreiro e todos os oito filhos precisaram trabalhar cedo, por isso, estudei só até o terceiro ano e comecei novo na sapataria”, diz Noccioli.
Ele acabou comprando a oficina de conserto de sapatos quando o Paulo se aposentou. Pagou 80 contos que pegou emprestado no banco. O gerente era seu cliente. Era na Luiz da Cunha quase esquina com a Padre Feijó, no prédio centenário que foi loja de louças e presentes do Wagner e do Tude Tamburus.
“Trabalhava eu e a minha mulher, dia e noite, para pagar a dívida”, lembra ele.
Usa uma velha bicicleta, que ganhou aos 17 anos, como meio de transporte e todos os dias de trabalho anda uns 20 quilômetros para vir e voltar para casa, que fica no Simioni.
Com a demolição do prédio, há cinco anos, mudou para a Padre Feijó, pouco acima da Martinico Prado. Agora, está na Castro Alves há uns três meses.
Noccioli conserta qualquer tipo de calçado e trabalha de segunda a sexta. Não tem auxiliar.
“Os jovens de hoje não se interessam, ninguém quer aprender a profissão”, diz ele.
Já fez sapato para o dono da Cerâmica São Luiz, para diversos gerentes da Antártica e já atendeu vários jogadores do Botafogo. Hoje, atletas do Batatais Futebol Clube visitam a oficina para consertar suas chuteiras.
Noccioli lembra que precisa visitar o Paulo Ziotti, que está doente, mas que tem medo de não ser bem recebido.
“Agradeço muito a ele, de coração, que me ensinou este ofício”, diz.
Casado com Maria de Fátima há 46 anos, tem três filhos e cinco netos. Com o trabalho, comprou sua casa própria e ainda ajudou os filhos a comprarem também.
Noccioli, nas mudanças, trouxe uma grande pedra de basalto, que usa como degrau em frente à nova oficina na Rua Castro Alves, 350. Ela era usada na primeira sapataria, da esquina da Luiz da Cunha com a Padre Feijó, que tinha um degrau muito alto. Depois, ela virou uma espécie de talismã.
Sapateiro há 57 anos
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