Na foto: Júlio, Joel e Weber
A ligação da família Sian com a fotografia começou quando seu João, pai de Joel e Júlio, e avô de Weber, abriu um studio na Av. Jerônimo Gonçalves.
João Sian veio de Sertãozinho com a família para a Rua Santos Dumont, casou e foi morar no fundo da casa dos pais. Foi feirante, taxista no ponto Tupy, na Amador Bueno perto da Drogasil.
“Meu pai foi um cara que nunca teve tempo ruim. Ele sempre trabalhou, nós nunca passamos necessidade. Ele morreu aos 86 anos”, conta Joel, o filho mais velho, que nasceu na rua Álvares de Azevedo.
‘Seu’ João, que era radiotécnico, montou uma oficina de conserto de rádios em 1959, na Jerônimo Gonçalves. A oficina cresceu, ganhou uma loja e em 1964/65 foi obrigado a fechar.
Nesse tempo, ele tinha um cômodo no fundo da oficina. Começou a pegar reprodução de fotos antigas, daquelas de quadro de parede que tinha muito em cidades pequenas e fazendas.
Joel se interessou e passou a trabalhar no laboratório, ampliando e revelando as fotos que ‘seu’ João trazia.
João Sian tinha um amigo cujo cunhado que tinha um foto em São Paulo. Levou o filho Joel e foram conhecer o estúdio fotográfico. Vendo o interesse do filho começou a fazer casamentos com uma Pratika 35 mm e uma Yashica Mat. Aí abriu o Foto Real, em 1965/66.
Nesse tempo, Joel conheceu César Brasil, que era um jornalista que morava na Vila Tibério. Ele o chamou para conhecer o Diário da Manhã. Naquela época o fotógrafo fazia foto a troco do nome.
Depois de um tempo passaram a pagar Joel por foto publicada. Isso foi em 1968.
“Lembro que na passeata estudantil as fotos já saíram com meu nome. Quem estava fotografando lá era eu e o Júlio Chiavenato, o Barão. Ele já era raposa velha”, diz Joel que complementa. “Cobrindo as manifestações levei uma espadada nas costas, perto da Catedral, que ficou um vergão por uma semana. Depois, em frente ao jornal A Cidade e ao Centro Acadêmico Rocha Lima, dos alunos da Faculdade de Medicina, a polícia me pegou e no meio da bordoadas, minha máquina voou longe. Perdi a Pratika do meu pai. Quem salvou a gente foi o pessoal do jornal A Cidade. Me colocaram para dentro, mas a dona Jandira só não me chamou de santo”.
A partir daí, Joel passou a trabalhar direto no Diário da Manhã e seu pai ainda ficou com o estúdio por uns tempos.
Joel trabalhou também no O Diário e no Tribuna, jornal das Organizações Cardoso, que funcionou por pouco tempo. E depois voltou para o Diário da Manhã.
Em 1974 foi para o Diário trabalhar no laboratório. Foi na época que o Sérgio de Souza e José Hamilton Ribeiro vieram para Ribeirão Preto editar o jornal.
“Um dia, véspera de 1º de maio, a pauta era o Dia do Trabalho. No laboratório, falei para o fotógrafo ir no Laguna fazer fotos dos operários na contraluz etc. O Sergião (Sérgio de Souza, editor do jornal) ouviu e disse para eu ir fazer as fotos que havia falado para o fotógrafo. Respondi que não podia, que eu era o laboratorista. Sergião então falou que eu era o fotógrafo”, conta Joel.
A partir daquele dia, o Departamento Pessoal dispensou os dois fotógrafos e contratou Joel Sian que depois de um tempo foi para o semanário O Domingão.
Joel ainda trabalhou em São Paulo, mas parou de fotografar ao ser contratado na Febem. Depois abriu uma floricultura e uma lanchonete. Sempre aventureiro, agora, comprou uma Kombi que está adaptando para ser uma “motor home” (casa motorizada). Vai ter quarto, banheiro, sofá, frigobar e uma pequena pia. Pretende viajar pelo Brasil e pela América do Sul.
Júlio Sian e o filho Weber
Júlio Sian nasceu na Castro Alves, e trabalhou no laboratório de fotografia do pai. Em 1961 começou a fazer fotos para o Diário da manhã onde ficou até 1964.
Depois foi para O Diário, A Cidade, Tribuna e trabalhou na revista Revide de 1986 até o início de 2020.
Weber Sian, que nasceu na Rua Constituição, trabalha no jornal A Cidade e agora ACidadeon há 17 anos. Começou como fotógrafo em 1993 na revista Revide, depois Enfim, Verdade, O Diário, revista Expressão. Ganhou o Prêmio Herzog de Fotografia em 2011.