O Jornal da Vila continua destacando a ousadia dos dirigentes da época em contratações, principalmente de grandes goleiros.
Na história do futebol da cidade, o primeiro goleiro estrangeiro a jogar em Ribeirão Preto foi o argentino de Mendoza, Luis Carlos Bonelli, em 1955, contratado pelo então presidente Belmácio Pousa Godinho.
Bonelli marcou, no gol do Leão, grandes defesas no Campeonato Paulista de 1955 e no início de 1956 chamando a atenção de grandes clubes no time do Comercial, comandado pelo Arthur Nextor, que tinha no ataque Mairiporã e Maneca.
Primeiro gesto de fair play do Brasil
Foi justamente num clássico da cidade naquele 13 de novembro de 1955 pela última rodada do Campeonato Paulista que o gesto de cordialidade ou politicamente correto ficou conhecido.
O goleiro argentino Bonelli chutou a bola para fora para que Neco, o atacante botafoguense pudesse ser atendido pelo médico do Botafogo.
Para a época e pela rivalidade foi uma cena inusitada que valeu vaias dos torcedores comercialinos ao goleiro argentino.
O Botafogo venceu por 4 a 2 em tarde inspirada de Brotero, autor de dois gols.
Cinco anos depois Garrincha no clássico carioca Botafogo e Fluminense poderia marcar o gol, mas preferiu chutar para fora para que Pinheiro (Fluminense) fosse atendido.
Mas o gesto de Bonelli ficou na história.
“Cessão de Bonelli e Maneca à pedido do São Paulo”
Essa era a manchete do dia 13 de março de 1956 do “Diário da Manhã”, o São Paulo FC pedia o empréstimo do goleiro argentino Bonelli e do atacante Maneca para as disputas do Torneio “Roberto Gomes Pedrosa”.
Numa reunião de diretoria do Comercial, o presidente Plínio de Castro Prado enviava um ofício liberando os jogadores depois de importante partida de domingo contra a Ferroviária que estava invicta.
Foi justamente o que aconteceu, no dia 25 de março de 1956: Bonelli era jogador do São Paulo.
O goleiro argentino Bonelli deixa o seu nome gravado na história do futebol da cidade como o primeiro goleiro estrangeiro a vestir a camisa dos clubes de Ribeirão Preto.
Da Série Grandes Goleiros que o JV mata saudade destacando atletas que vestiram as camisas 1 dos clubes de Ribeirão Preto e deixaram os seus nomes na história do futebol da cidade e do país.
Nessa edição destacamos Doniérberson Alexander Marangon, no mundo da bola Doni, goleiro que os dirigentes do Botafogo foram buscar na base do Paulista de Jundiaí.
Goleiro de boa estatura não demorou para se firmar como titular do tricolor figurando no time de 2001 vice-campeão paulista como principal campanha que o levou negociado para o Corinthians onde ficou até 2004, quando se transferiu para o Santos.
Do Botafogo Para o Mundo
Depois de deixar o Corinthians, Doni começou a sua trajetória dentro e fora do país.
Santos, Cruzeiro até que em 2005 foi contratado pelo Roma onde ficou até 2011, ano também que o goleiro se transferiu para o Liverpool, quando resolveu encerrar a carreira no Botafogo.
Campeão da Copa América
O goleiro Doni defendeu a Seleção Brasileira na Copa América de 2007 em que o time canarinho sagrou-se campeão ao vencer a Argentina por 3 a 0.
Foi o ano que o goleiro ficou no ranking dos melhores goleiros do mundo.
Doni também foi convocado para a Copa do Mundo de 2010 onde o Brasil acabou eliminado nas quartas de final ao perder de 2 a 1 para a Holanda.
Retorno à Velha Casa
Em 2013 deixava o futebol europeu para retornar onde tudo começou, o Botafogo de Ribeirão Preto, clube que o projetou para encerrar a carreira, mas de uma maneira triste.
Em entrevista Doni afirmava que estava encerrando a carreira de atleta profissional devido a uma arritmia cardíaca.
O goleiro será sempre lembrado pela torcida do Pantera como um dos grandes nomes que vestiram a camisa 1 do tricolor de Santa Cruz.
O JV encerra a série de grandes contratações de goleiros que vestiram as camisas da dupla Come-Fogo. O destaque é o folclórico goleiro Ortiz, argentino de Santa Fé, que ganhou destaque no futebol uruguaio e depois no Atlético Mineiro.
Extravagante no seu jeito de vestir e pelos cabelos longos presos por uma fita na testa. Com suas grandes atuações e cobrando algumas penalidades, com a camisa do Atlético, virou ídolo do Galo e projeção no futebol brasileiro.
Ortiz no Leão e Camisa Vermelha
No clássico contra o Cruzeiro foi acusado de “gaveteiro” e aí terminava a sua passagem pelo Atlético. Beneficiado com o passe livre, o diretor Galba Stênio Teixeira acertava sua contratação de graça para o Leão.
Em Ribeirão Preto virou ídolo pelo seu futebol e extravagância com sua figura vestindo o uniforme do alvinegro.
De gênio forte, Ortiz quis adotar a camisa vermelha, ideia logo descartada pelos dirigentes que lhe explicaram os motivos para não a usar.
“No Comercial, Ortiz não perdia uma penalidade nos treinamentos e treinava muito saída de bola com as mãos onde colocava no meio de campo, pneus de bicicleta e a bola. Caiam justamente no centro”, recorda o ex-presidente Breno Augusto Spinelli Martins.
“Ortiz desmotiva e pode deixar o Bafo”.
Essa foi a manchete do jornal “O Diário” no dia 2 de dezembro de 1978.
O jornal destacava que o goleiro estava desmotivado e podia rescindir o seu contrato com o clube.
O argentino Miguel Ângelo Ortiz, faleceu no dia 22 de julho de 1995, aos 48 anos, vitimado por uma cirrose e deixou o seu nome gravado no futebol da cidade.
Na foto de 1978, o torcedor do Bafo, Rogério Palareti, e Ortiz. Após defender o Galo, o goleiro argentino vestiu a camisa do Comercial de Ribeirão
Na história da bola de Ribeirão Preto dois técnicos argentinos fizeram histórias no futebol da cidade.
Nesse mergulho no tempo recordamos do argentino Carlos Martins Volante, como jogador atuava como meio de campo, há quem defende que a expressão volante como posição no futebol veio do seu nome.
Como jogador passou por vários clubes da Argentina, Itália e França; no futebol brasileiro se destacou com a camisa do Flamengo conquistando o tricampeonato.
De boleiro a treinador, Volante dirigiu (sem redundância), vários clubes do futebol brasileiro e entra na história da bola tupiniquim como o único treinador argentino a ter conquistado o título de campeão brasileiro.
Carlos Martins Volante chega a Ribeirão Preto contratado pelo Botafogo para dirigir o time para o campeonato paulista de 1959 realizando uma excelente campanha, deixando o tricolor na oitava posição no final da competição.
No ano seguinte a diretoria do Botafogo trocava a direção técnica do time dispensando Carlos Martins Volante por outro argentino, Jose Guillermo Agnelli, nome que virou lenda principalmente no futebol do interior.
Seu Agnelli, como era carinhosamente chamado, não só dirigiu os clubes de Ribeirão, mais que isso, adotou a cidade como sua terra natal, onde faleceu aos 86 anos.
Agnelli merece um capítulo à parte no Saudade FC pelo muito que representa, uma enciclopédia deixada de folclores, fatos sempre contados por ex-atletas, dirigentes e amigos que tiveram uma vivência com ele.
Carlos Volante e José Guillermo Agnelli dois argentinos que deixaram seus nomes na história do futebol da cidade.
O Saudade FC mergulha no tempo para lembrar do centroavante Nilton Rodarte, no mundo da bola Rodarte.
Rodarte começou jogando futebol de salão no Palmeiras até ser guindado para as categorias de base do alviverde até ser promovido ao time principal.
O bom futebol do jovem atacante acabou convocado para a Seleção Pré-Olímpica, em 1960.
O sucesso do atacante acabou negociado com Huracán, clube argentino, mas logo o Olaria foi buscá-lo para disputar o campeonato carioca.
Bom momento no futebol carioca
Nessa sua volta ao Brasil, em especial ao futebol do Rio de Janeiro, foi lembrado para a Seleção Carioca. Em 1962 Rodarte vestiu a camisa do Vasco da Gama, jogou muito com a camisa cruzmaltina chegando a ser sondado pelo futebol europeu, como o Napoli e Roma.
O sonho de jogar na Europa ficou para trás, acabou voltando ao futebol de São Paulo para defender o Juventus da Mooca, jogando ao lado de Jair Rosa Pinto e Luizinho.
Deixando a Rua Javari, Rodarte chega ao São Paulo em 1965 jogando na equipe do Morumbi ao lado de Bauer, Roberto Dias, Faustino e Pagão.
“Na ausência de Pelé, Rodarte comandou o Show”
Essa foi a manchete do jornal de Piracicaba na época. O XV de Piracicaba recebia o Santos numa quarta-feira à noite pelo Campeonato Paulista.
Foi a noite que Rodarte fez a alegria dos 4 mil torcedores e de quem acompanhou o vídeo-tape, (comum na época,) em que Pelé não esteve presente e pôde assistir ao show proporcionado pelo atacante do Nhô-Quim.
“O moço, sem estar na plenitude de sua forma atlética disputou um “partidão” colocando em polvorosa os “cobrões” do futebol brasileiro, Orlando, Mauro, Gilmar e Cia.” Fechava a Matéria.
Rodarte no Comercial
Depois de passagens rápidas pelo XV de Piracicaba e Francana, Rodarte desembarca em Ribeirão Preto para jogar no Comercial e fazer parte do inesquecível time de 1966 do Leão que quase chegou ao título paulista.
Rodarte também chegou a ser técnico interino da equipe leonina.
Vale lembrar que Rodarte participou do jogo de inauguração do Estádio Barão de Serra Negra, em 1965 entre XV e Palmeiras.
A foto mostra o Estádio Luiz Pereira no ano de 1955 e a arquibancada que ficava ao longo da Rua Epitácio Pessoa tomada pelos torcedores para acompanhar a presença do São Paulo FC em partida amistosa que tinha no elenco craques como Bauer, Poy, Canhoteiro e tantos outros.
Presença do São Paulo no Luiz Pereira – Alfredo, De Sordi, Poy, Turcão, Vitor e Bauer. Agachados: Bonelli, Roque (ex-Botafogo), Lanzoninho, Mairiporã, Dino Sani e Canhoteiro. Na pose para os jornais da época destacamos o garotinho Fernando Monteiro Rodrigues (hoje falecido).
Mergulhando no tempo viajamos 47 anos atrás, precisamente 23 de março de 1972, o Olaria havia contratado Garrincha e se apresentava em Ribeirão Preto contra o Comercial no Estádio Francisco de Palma Travassos.
Deixou o mundo da bola aos seus pés. Até os reis da Suécia se encantaram com as performances do gênio das pernas tortas.
O último gol de Garrincha aconteceu em Ribeirão Preto que aproveitou o rebote do goleiro Paschoalin, jogo que terminou no empate de 2 a 2. O último gol da sua vida levou o número 283.
Na foto do arquivo pessoal de Carlos Cézar Barbosa, Garrincha é assediado pela imprensa e por torcedores no Palma Travassos
Mexendo no velho álbum de fotografia e a foto amarelada pelo tempo traz de volta um passado rico da história do futebol ribeirãopretano e brasileiro.
De um lado o paulistano Nilton Rodarte há muito residente na nossa cidade; e do outro José Agnelli que marcou com as suas conquistas e histórias o futebol de Ribeirão Preto, principalmente dirigindo o Botafogo, também com passagem como treinador do Comercial.
Nilton Rodarte começou a sua carreira no Palmeiras em 1957 promovido das equipes de base. Aí começou a sua trajetória passando por vários clubes do Brasil e com passagem pelo Huracán da Argentina, Seleção Brasileira Pré-Olímpica chegando em Ribeirão em 1966 naquele timaço do Comercial. Inclusive chegou a treinar o Leão.
Na segunda-feira, 6 de maio, o futebol brasileiro e principalmente o futebol ribeirãopretano ficou triste e empobrecido com o falecimento aos 67 anos, na cidade de Praia Grande no litoral paulista do ex-meia Alexandre Bueno, conhecido também como Alexandre Jacaré. De acordo com familiares, a causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
A sua história no Botafogo começou em 1971, o tricolor se preparava para uma excursão e havia perdido dois jogadores e os dirigentes precisando repor para fechar o elenco foram até o Santos F.C. e trouxeram Bispo e mais um que não me recordo e o diretor de futebol na época do Peixe indicou o garoto da base, “na opinião dele” jogava muito. No tricolor ficou por dois anos até se transferir para o Guarani.
Nos tempos em que os dirigentes eram ousados, diretores do Botafogo foram até Porto Alegre e trouxeram de volta Alexandre Bueno ídolo no Grêmio onde ficando por duas temporadas vestindo a camisa do Pantera.
Alexandre Bueno jogou em 23 clubes e acumulou muitas histórias, mas o seu nome ficará para sempre na memória e na saudade dos torcedores do Botafogo e da cidade.
O Brasil sedia a edição da Copa América 2019 e o último título da Seleção Brasileira na competição foi levantada em 2007 comandada pelo técnico Guga em cima da Argentina por 3 a 0 e de lá pra cá são 12 anos de jejum.
Doniérberson Alexander Marangon, no mundo da bola simplesmente Doni, em 2007 ficou reconhecido como um dos melhores goleiros do mundo.
Doni que se consagrara no gol do Botafogo com o vice-campeonato paulista em 2001, marca o seu nome no último título da Seleção Brasileira em cima da Argentina com gols Júlio Baptista, Ayala contra e Daniel Alves.
Na Copa do Mundo de 2010 foi chamado e o Brasil acabou eliminado nas quartas de final após perder de 2 a 1 para a Seleção da Holanda.
O goleiro será sempre lembrado pela torcida do Pantera como um dos grandes nomes que vestiram a camisa 1 do tricolor de Santa Cruz.
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