Resgatando a memória da Vila Tibério e valorizando sua gente!

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Terça, 20 Agosto 2019 20:37

Cartão para polaco

Durante anos a Vila Tibério teve um ponto de referência do Botafogo além da sede do clube. Era a Casa do Atleta, situada à Rua Martinico Prado, próxima à Praça Coração de Maria, em frente a Confecções Pedro. Ali moravam os jogadores solteiros que vinham de outras cidades e os casados enquanto a família não se transferia para Ribeirão Preto. Lorico jogou três anos no Botafogo e nunca trouxe a família, para economizar, morava na Casa do Atleta. O apelido dele era “Tio Patinhas”.

Visita ilustre...

O gerente da casa era José Agnelli. Fiscalizava e principalmente aconselhava os jovens. A Casa do Atleta era uma atração na Vila, as pessoas que passavam pela Martinico Prado adoravam seus ídolos e a facilidade de contato com eles. Os jogadores recebiam com freqüência a visita do maior ídolo do momento, Dr. Sócrates. Aquele endereço era o seu preferido para buscar companhia para suas noitadas, mas estas são histórias para outras colunas.

Visita surpresa...

Polaco, lateral direito que veio do Paraná, em 1975, figura simpática, casado, daqueles acostumados a tirar a aliança nas viagens para se passar por solteiro. Na volta de uma viagem tarde da noite se esqueceu de recolocar a aliança no dedo. Deitou-se para dormir e foi acordado de madrugada pela esposa. Curvada à beira da cama e com a mão estendida ela batia no ombro dele e perguntava: “O que é isto?”, mostrando a aliança na palma da mão. Sem conseguir explicar, ele foi expulso de casa e às 05 da madrugada bateu na Casa do Atleta pedindo para dormir. Polaco ouvia esta história toda vez que um colega seu explicava porque o apelido dele era “Cartão Amarelo”.

Terça, 20 Agosto 2019 20:36

Psoíte de Marinho

Outro dia, ao ler um artigo de Schubert Persine, no Saudade FC deste Jornal da Vila, sobre o ex-lateral Marinho, do Botafogo, lembrei-me da época em que acompanhei o prematuro encerramento de carreira deste profissional. Pouco antes de deixar o futebol chegou a ser pretendido pelo Flamengo. Era, portanto, início de uma carreira brilhante. Intercalou períodos de titular e reserva do Botafogo de 1973 a 1976, dividindo posição com Ferreira, Polaco e Valdir, numa época em que os laterais tinham que marcar pontas como Edu do Santos, Romeu do Corinthians, Wilsinho da Portuguesa, Ziza do Guarani e outras feras.

O fim de um sonho...

No melhor momento de sua carreira, Marinho começou a enfrentar problema de contusão, dores musculares, afastando-se para tratamento e quando voltava cheio de esperança, as dores antigas se manifestavam novamente. Durante meses, Marinho peregrinou por consultórios, clínicas e laboratórios sem descobrir o mal que o afastava das atividades de campo. E assim foi até o dia em que se viu obrigado a encerrar a carreira prematuramente, desfez-se o sonho que parecia tão perto de se concretizar indo para um time grande. Naquela época o Botafogo perdeu dois laterais, porque Valdir, outro excelente lateral-direito, também encerrou a carreira prematuramente por contusão.

A ajuda de Sócrates...

Marinho passou por uma junta médica no Hospital das Clínicas, uma conquista do amigo Sócrates. Ele sempre se relacionou bem com a imprensa, simpático, sabia fazer amigos. Um dia, depois de muitas idas e vinda, com um misto de alegria pela descoberta e de tristeza pela perspectiva sombria, ao chegar no Estádio Santa Cruz me disse: “Os médicos descobriram o que eu tenho, é uma coisa rara, até o nome é difícil”. Desta conversa saiu a matéria principal do Diário da Manhã com o título: “O mal de Marinho é PSOÍTE”. Assim mesmo, com esta palavra esquisita em caixa alta de lado a lado do caderno de Esportes. Na época deu trabalho para pesquisar, não havia o Google, onde hoje com um simples clicar se descobre que: “Psoíte é a doença inflamatória de um músculo do abdômen, o psoas, que é responsável pela flexão da coxa sobre a pelve”.

Terça, 20 Agosto 2019 20:35

As histórias se repetem

Não importa local nem tempo, sempre há repetição de cenas, palavras e ações idênticas a fatos já ocorridos. Na década de 70, ao ser substituído num jogo do Jaboticabal Atlético, Paulo Campos (ex-Comercial) ironizou o substituto Duzentas: “Vai lá, bobão, resolve lá”. E resolveu. Duzentas fez dois gols e o time ganhou de virada. Na Fazenda Experimental, localizada entre Sertãozinho e Barrinha, jogo de futebol amador, Zé Roberto Briza estava no banco de reservas e foi chamado pelo técnico Mauro Briza. Não respeitou nem a condição de tio do treinador, mandou o recado: “Vou fazer dois gols e sair”. Ao marcar o segundo, saiu pela linha de fundo e gritou para o técnico: “Estou saindo”.

As goleadas...

Sem prometer, mas com o mesmo espírito rebelde, Lola (ex-Botafogo e Atlético Mineiro), quando jogava pelo Guarani, em pleno Estádio Olímpico, repetiu a cena. Chamado pelo técnico Zé Duarte, Lola entrou no decorrer do jogo, marcou dois golaços contra o Grêmio, passou pelo banco, deu um tapinha no ombro do técnico e disse: “Coloca outro que estou saindo”. O placar (5 a 4) na vitória do Fluminense sobre o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro deste ano é repetição de goleadas históricas. Não por acaso, por times que jogam ofensivamente como eram Santos, Comercial e Botafogo. Ninguém esquece os 7 a 5 e os 5 a 4 da década de 60.

As decisões...

A semifinal da Liga dos Campeões da Europa lembrou as viradas de Atlético Mineiro e Corinthians na Libertadores anos atrás. O Liverpool, que perdeu o primeiro jogo de 3 a 0, estava vencendo o segundo por um a zero e precisava de mais dois gols para levar a decisão para os pênaltis. No intervalo o técnico do Liverpool fez uma alteração e disse ao jogador substituto Wijnaldum: “Vai lá e faz dois gols”. Nas duas primeiras jogadas que participou, Wijnaldum meteu a bola na rede duas vezes, mas não pediu para sair. Ficou até o final para comemorar a classificação com os 4 a 0, eliminando o poderoso Barcelona.

Terça, 07 Mai 2019 22:20

O “Pai Nosso” do Gallo

Em Maceió, convivi algumas horas com Neto e Luciano do Valle, no Estádio Rei Pelé, enquanto nos preparávamos para a transmissão de um jogo da Copa dos Campeões. Neto estava começando como comentarista. Nossa conversa revelou duas coisas: Neto já não era aquele arrogante e prepotente dos tempos em que jogava e, deslumbrado com a nova atividade, mostrava-se surpreso com os problemas enfrentados antes de uma transmissão de rádio e TV. – “Quando a gente é jogador, que só vive no bem-bom, confortavelmente instalado nos hotéis, nem imagina as dificuldades que vocês passam para fazer uma transmissão”, afirmou arrependido de suas brigas com a imprensa.

Sacrifícios...

Os radialistas antigos aprenderam que só interessava ao ouvinte o produto final e assim os acontecimentos de bastidores eram guardados lá, diferente do que ocorre hoje. Neto tinha razão na sua descoberta, ninguém tomava conhecimento dos sacrifícios a que se submetiam repórteres, locutores, comentaristas e técnicos. Para uma transmissão de um jogo, que durava em torno de duas ou três horas, às vezes, eram consumidas de 12 a 18 horas de atuação, com viagens, instalação de equipamentos, sem contar os imprevistos. Muitas vezes até a alimentação era comprometida neste período. As viagens para outros estados eram ainda piores, muitas delas eram feitas de carro porque o orçamento das emissoras não permitia passagens de avião.

Riscos...

Certa vez, numa dessas viagens, o repórter Rodrigues Gallo, o comentarista Celso Franco e eu fomos a Curitiba de carro. Um Fiat 147 ou o “Azulão da Clube” (Fusca), não lembro bem. Este veículo minúsculo confrontou com uma enorme carreta, numa curva perigosíssima da famosa “Estrada da Morte” (Régis Bittencourt). Nós subindo e a “jamanta” descendo, faltavam poucos metros para ela passar por cima de nossa viatura. Rodrigues Gallo, no banco traseiro, afundando-se no assento rezou o Pai Nosso em décimos de segundo. Escapamos da tragédia. Aliviados, paramos o carro e caímos em gargalhadas, por alívio e gratidão, sem entender como o “Galinho” conseguiu rezar o Pai Nosso mais rápido do mundo sem atropelar uma palavra.

Terça, 07 Mai 2019 22:20

Adeus a Alexandre Bueno

Conversando com Dr. José Olavo de Freitas Bonsegno, cirurgião-dentista e botafoguense de grande clarividência e sensatez no que faz, no que fala e com o que vê, relembramos grandes jogadores do Botafogo, entre eles Alexandre Bueno, que faleceu no dia 6 de maio último, aos 67 anos. Alexandre chegou ao Botafogo em 1971, procedente de Santos, residiu num casarão na esquina da Rua Visconde do Rio Branco com a Rua Amazonas, uma pensão que abrigava outros jogadores como Eraldo, Luiz Carlos Barrinha e Roberto, um zagueiro que também veio de Santos junto com Alexandre Bueno.

Os melhores...

Maritaca, meia-atacante botafoguense de 1971 a 1973, conta que o “Jacaré”, apelido de Alexandre Bueno, o melhor meia-esquerda com quem ele jogou, dizia: “Quando você dominar do lado da área pode rolar a bola para traz sem olhar que estou chegando”. E assim fizeram muitos gols. Dr. José Olavo também elege Alexandre Bueno entre os melhores e faz uma extensa lista dos maiores meias-esquerdas da história do Botafogo: Américo Salomão, Adalberto, Henrique Salles, Mário Carioca, Paulinho Cabeludo, Raí, Boiadeiro, Nair, Roberto Pinto, Paulinho Andrioli, Márcio, Lorico, Alexandre Bueno, Cunha, Alfredo, Moreno e De Rosis.

O empresário...

Dr. José Olavo relaciona com facilidade os melhores da história botafoguense. Meias-direitas: Neco, Sócrates, Laerte, Alex e Maritaca. Pontas-direitas: Zé Mário e Nóca. Centroavantes: Geraldão, Amorim, Xixico, Sicupira, Antoninho, Arlindo e Mairiporã. Em 1973, Alexandre Bueno deixou o Botafogo para ocupar a posição de Alfredo, outro ex-botafoguense, no Guarani. Como jogador brilhou no Guarani, São Paulo e Grêmio. Ao encerrar a carreira virou empresário. Foi ele quem descobriu e levou para o São Paulo o meia Juninho Paulista, pentacampeão mundial e hoje diretor de seleções da CBF.

Terça, 07 Mai 2019 22:20

A esperteza de Nair

A Arena Eurobike é o xodó atual da diretoria do Botafogo, o Estádio Santa Cruz é de memórias fantásticas, mas o botafoguense mais antigo jamais vai deixar de considerar o Estádio Luiz Pereira como “Santuário de Vila Tibério”, por onde desfilaram os maiores craques do futebol brasileiro, jogando contra ou defendendo o Botafogo. Nestas histórias há fatos que os torcedores vivenciaram e outros que ficaram nos bastidores, que, aliás, é um manancial inesgotável de manias e espertezas dos jogadores de futebol.

Concorrência...

Um dos ídolos daquela época foi Nair, que faleceu no ano passado, no Rio de Janeiro, aos 81 anos. Meia-esquerda, ele atuou no Botafogo em 1961 e 1962, onde a concorrência pela posição era duríssima. O time era: Machado; Ditinho, Tatau e Antônio Julião; Henrique e Tarciso; Alex, Silva, China, Nair e Ivan. Nair participou da famosa excursão do “Pantera” pela Argentina. Depois do Botafogo, jogou na Portuguesa (Felix; Cacá, Ditão e Edilson; Pampolini e Vilela; Neivaldo, Ivair, Gino, Nair e Nilson) e no Corinthians (Heitor; Jair Marinho, Ditão, Clovis e Maciel; Nair e Rivelino; Marcos, Nei, Flávio e Gilson Porto).

Henrique...

Com tanta concorrência pela posição, o empresário José da Gama disse à diretoria do Botafogo que Nair era meia, mas jogava também de centroavante, Antoninho tinha acabado de ser vendido para a Itália. Só que no campo Nair tentava aplicar o golpe e dizia para o meia Henrique: “Quando eu sair da área, você entra”. Era uma maneira de ele atuar por alguns momentos na sua posição original e, quem sabe, futuramente tomar a posição do colega. Mineiro de Ubá, nascido em Carangola, desconfiado, daqueles que nunca perdem o trem, Henrique ficou na dele. Nunca entrou na área quando Nair pediu e nem perdeu a posição de titular.

Quinta, 30 Abril 2020 22:18

Dia de Finados

“Aqui estão os meus ossos à espera dos vossos!”. Esta inscrição, logo na entrada do Cemitério da Saudade pela Rua Flávio Uchoa, sempre mexeu comigo.

Com 10, 11 anos, cabulava aulas. Baixava no cemitério pelos ônibus da Viação Cometa. Visitava o túmulo paterno e vasculhava todo o local, procurando nomes conhecidos, admirando estátuas e observando frases nas lápides.

Embora seja uma tradição de centenas de anos, o Dia de Finados, para mim, está ligado ao Cemitério da Saudade, onde estão enterrados meu pai, desde 1958, e minha mãe, agora em 2017. Estão também avós, tios e primos.

Nos dias que antecedem o dia dos mortos, famílias inteiras limpam e pintam túmulos e calçadas e dividem a água dos grandes tanques, que ficam nas esquinas das quadras, com pessoas que são pagas para cuidar dos jazigos. Flores são depositadas sobre túmulos de mármore ou granito, com grandes esculturas e acessórios de bronze, assim como nos de cerâmica e, até nos mais simples, de cimento. Para ricos ou pobres, a morte é igual.

Entre os túmulos mais visitados do Cemitério da Saudade, chama a atenção o de José Martins de Almeida, que ficou conhecido como “Menino Zezinho”, que nasceu em Altinópolis, em 1938, e veio para Ribeirão quando ainda era bebê. Diagnosticado com filariose (elefantíase), doença parasitária que gera inchaço extremo dos membros.

Zezinho inspirava compaixão por causa da deformidade causada pela elefantíase, numa época em que não existia tratamento para a doença. Nessa época, teria tido uma visão com Santo Antônio e passado a benzer. Segundo relatos da década de 1940, grandes filas se formavam para receber as bênçãos do menino. Zezinho morreu ainda criança, aos nove anos. A devoção e a crença de que ele era milagreiro ninguém sabe ao certo, mas desde aquela época seu túmulo (sepultura nº 1.632 da quadra 12) é o mais visitado. O mausoléu do menino tem cerca de 300 placas de oferendas e agradecimentos por graças alcançadas.

São bastante visitados também os Túmulos das Almas (um na quadra 27 e outro na quadra 16). Depois de 50 anos, os mortos enterrados em valas comuns foram transferidos para o ossário geral, que depois de lacrado, se transformaram em Túmulo das Almas. É grande o número de pessoas que deixam flores e acendem velas para lembrar de tantas pessoas que depois de mortas ficaram esquecidas.

Uma coisa que sempre chamou a minha atenção é o túmulo com a estátua de um cão dálmata. Segundo funcionários do Cemitério da Saudade, o cachorro acompanhou o cortejo do dono e ficou ao lado da sepultura. A família tentou levar o cão embora, mas ele ficou lá até morrer, uns 40 dias depois. Na lápide consta a seguinte inscrição: “Só a morte destrói a fidelidade de um cão”.

Essas memórias, afetivas e curiosas, me tocam e lembram de uma brincadeira de minha mãe, que na sua lápide deveria constar: “aqui jaz Dirce, muito a contragosto”.

Quinta, 30 Abril 2020 22:18

O velho Estádio Luiz Pereira

Meu primeiro contato com o Estádio Luiz Pereira foi quando acompanhava meu pai, pelo muro alto da Rua Paraíso, e perguntei o que eles faziam lá dentro gritando?

O Luiz Pereira pode ser considerado um dos pilares econômicos que impulsionaram o desenvolvimento da Vila Tibério. Os outros foram a Estação da Mogiana, a fábrica da Antártica, e o Antigo Banco Construtor, na Joaquim Nabuco.

A Vila Tibério, na época, tinha uma iluminação muito precária, as luzinhas amarelas deixavam as noites com um ar de pequenas cidades dos confins do interior. Mas, nas noites de quarta-feira, fachos de luz branca explodiam clareando aquele pedaço de céu. A luz e a gritaria atraíam a molecada como aleluias procurando a lamparina.

O Bar do Paciência vendia, no início dos anos 60, mais do que todos os outros dias do mês. Era um “natalzinho“ quando havia jogo na Vila Tibério, que era invadida por moradores de toda a cidade.

Os meninos ficavam ao lado do portão, quietos, esperando o porteiro pegar pelo braço um ou dois de cada vez e colocar para dentro.

A história do estádio Luiz Pereira começa no início dos anos 20 quando o Comercial, que havia emprestado seu campo para um jogo do Botafogo contra Uberaba Sport, voltou atrás e cancelou o empréstimo. Mexeu com o brio dos dirigentes da época e a rivalidade entre a dupla Come-Fogo começou a ganhar corpo. Compraram o terreno por 5 contos e 500 réis e o campo do Botafogo passou a receber os jogos do time e foi sendo construído pouco a pouco.

A emoção de ver o goleiro Machado, a certeza de muitos gols com a linha mágica dos anos 60 (Zuíno, Laerte, Antoninho, Henrique e Geo), a elegância de Tiri, as faltas de Carlucci. As arquibancadas cheias balançando ao ritmo da torcida enlouquecida, e o grito de gol.

O nome do estádio nasceu de um pacto entre os diretores da época que ajudaram na compra do terreno e no início das construções. Quem entre eles morresse primeiro receberia a honra de ter seu nome eternizado. Luiz Pereira foi gerente da Antarctica, presidente do Botafogo em 1936.

Domingo e quarta-feira de jogo era um acontecimento na Vila Tibério. Enquanto muitos iam para o estádio, tantos outros divertiam-se vendo o movimento dos torcedores chegando e lotando os bares, esgotando todo o estoque de cerveja disponível.

O auge do Botafogo no Estádio Luiz Pereira foi na década de 60 quando era difícil vencer o Botafogo no chamado Fortim da Vila. Mesmo os “times grandes” suavam a camisa e, na maioria das vezes, acabavam derrotados.

Mas, a velha rivalidade mexeu com os dirigentes do Botafogo mais uma vez. A construção do estádio do Comercial nos altos da Vila Paulista (assim chamado o bairro na época) também levou o Botafogo para o outro lado da cidade. Começaram a construir o Estádio Santa Cruz no recém-lançado bairro da Ribeirânia e transformaram o velho Luiz Pereira em um clube poliesportivo.

Muita gente considerou como traição o time deixar o bairro cujos moradores ajudaram a construir o estádio com trabalho e também financeiramente. O famoso barbeiro Egydio Tamburus jurou nunca pisar no campo que estava sendo construído. Morreu muitos anos depois da inauguração e cumpriu sua promessa.

Em 2011, a área do antigo Luiz Pereira, depois Poliesportivo do Botafogo, foi vendida em leilão por dívidas trabalhistas.

Hoje, do velho estádio, restaram somente os altos muros que circundam a área, a arquibancada da rua Santos Dumont, uma quadra multiuso, e uma piscina olímpica, tudo abandonado e em avançado estado de deterioração. Um caseiro toma conta do local. Ele cria e vende galinhas e porcos, além de ovos.

É um triste fim para local com passado tão glorioso e uma vergonha para Ribeirão Preto, que não cuida de seu patrimônio.

Terça, 20 Agosto 2019 20:14

Há 40 anos vivendo de impresso

Este é um ano especial para mim. Há 40 anos comecei a trabalhar em jornal. O mais importante desta história foram as revoluções que presenciei na área gráfica. São três formas para se editar um periódico, ou seja, foram duas revoluções que mudaram a maneira de se fazer jornais.

Em 5 de março de 1975, quando subi as escadas que levavam à redação do jornal O Diário, começava o meu fado. Fui contratado como fotógrafo pela equipe conduzida por Sérgio de Souza e José Hamilton Ribeiro, com inúmeros colegas talentosos. Em setembro do mesmo ano já estava no Diário da Manhã onde, em 1976, aprendi diagramação com o mestre Luiz de Lucca.

O nome diagramação vem do ato de desenhar as páginas em um diagrama, que podia ser em escala ou tamanho natural. Os textos datilografados em máquinas de escrever eram calculados e se determinava as medidas de colunas, a fonte, o corpo e a entrelinha.

A composição era feita em linotipos, máquinas que soltavam linhas de chumbo de acordo com a marcação (chamada retranca) para formar os textos. Para os títulos de caixas, eram determinados o corpo e a fonte. As fotos eram encaminhadas para a clicheria, que, de acordo com as especificações do diagramador, poderia ampliar ou diminuir o tamanho final dos clichês. Então o paginador seguia as instruções no diagrama e montava as páginas com as linhas da linotipo, os títulos e os clichês em ramas, retângulos de ferro. Depois as ramas eram colocadas na impressora rotoplana, que funcionava com bobinas de papel e imprimia cadernos que já saíam dobrados.

Primeira revolução
A chegada das impressoras off-set mudou a forma de se paginar. A composição passou a ser feita em “composers” IBM e posteriormente da Forma. Os títulos podiam ser feitos em fotocomposição ou em “Letraset” e a paginação virou o “past-up”, que era o ato de colar os textos que vinham em tiras de papel, assim como os títulos. No lugar onde iriam as fotos, era deixada uma “janela” que era preenchida com o fotolito reticulado, para dar o meio tom das fotos. As páginas eram “fotolitadas” em alto contraste. Depois o fotolito era encaminhado para gravação de uma chapa que seria enrolada em um dos cilindros da impressora.

Segunda revolução
Com a computação gráfica veio a terceira forma de se paginar jornais. As páginas são montadas no computador e enviadas pela internet para a gráfica, que já grava a chapa, sem utilizar fotolitos, para serem impressas.
Hoje, acho o nome diagramação fora de contexto. Paginador seria mais adequado, no meu ponto de vista.

Vida profissional
Depois trabalhei no Diário de Notícias, Jornal da Ribeirão, voltei para o Diário, Verdade e A Cidade.
Participei de jornais alternativos como o Comtudo, diagramei a revista Revide nos dois primeiros anos. Inúmeros jornais de sindicato, associações e cooperativas passaram por minhas mãos. Hoje faço jornais, revistas e livros para sobreviver, além do Jornal da Vila, que vai completar dez anos.
O Jornal da Vila começou em outubro de 2005 com oito páginas impressas em uma cor e tiragem de três mil exemplares. Agora o jornal circula com 24 páginas impressas em 4 cores, com tiragem de dez mil exemplares. É um jornal em formato germânico, impresso em papel jornal, que circula mensalmente, com distribuição gratuita, casa a casa e nos principais pontos comerciais da Vila Tibério e nos bairros adjacentes com forte afinidade.
Trata-se de um jornal de bairro que busca resgatar a história da Vila Tibério por meio de pesquisas e memória de seus moradores.

Terça, 20 Agosto 2019 19:57

Na Vila tem...

Historinha com sobrenomes sugestivos.

Na Vila tem Jardim. Tem Cravo e Rosa, tem Roxo e Russo. Tem Albino, Branco, Branquinho, Claro, Moreno e Negrão.

Tem Calvo e Cabello.

Fracasso, Próspero e Vitória, como os Inocente, não são Parente. Paciência!

A Vila também tem Anjos. Tem Abade, Bento, Profeta, Evangelista e Bispo, tem Buda, Messias, Papa, Jesus e Deus. Tem Céu e Terra. Tem Guerra e Paz. Com Trombeta, Tromboni e Cruz.

Tem Cebollero, Peixeiro, Marinheiro, Bicheiro e Montanheiro. Tem Gentil, Valente e Nobre, tem Reis e Cavalheiro.

Cabral e Colombo estão ancorados por aqui.

Para o Caçador ficar Feliz, tem Coelho, Pardal e Leitão, tem Carneiro, Galo e Lebre, tem Bezerra, Cordeiro, Sardinha e Urso.

Essa não é uma brincadeira de Gatto e Ratto.

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