Resgatando a memória da Vila Tibério e valorizando sua gente!

Super User

Super User

Terça, 20 Agosto 2019 19:54

O noivo bafudo

(História fictícia baseada em acontecimentos verdadeiros, como a passagem da porteira, o Come-Fogo e o enterro, que ainda menino, presenciei)

Domingo, meado dos anos 60. Carlos ia almoçar pela primeira vez na casa de Carmem Lúcia. Pensava em casamento.

Desceu a Duque de Caxias e, ao chegar na Luiz da Cunha, parou na cancela do trem. Era a única ligação do Centro da Cidade com a Vila Tibério.

“Maldita porteira, tinha que fechar bem agora!”, lamentou.

Uma locomotiva a vapor, conhecida como Maria-Fumaça, fazia manobra pelo pátio da Estação da Mogiana. As “porteiras” interrompiam a passagem de veículos e pedestres. Os mais apressados corriam pelo túnel malcheiroso que passava por baixo da linha férrea. A maioria aguardava o fim das manobras.

Carlos, impaciente dentro do sua “Vemaguete”, pensava que poderiam não gostar do seu atraso. Mas, na verdade, o que o incomodava mesmo, era o fato de ele ser torcedor do Comercial, e isso era considerado um crime pelo pai de Carmem Lúcia. Ela aceitava a preferência do seu amado, mas pedia para Carlos guardar segredo.

“É melhor não falar em futebol”, dizia ela.

“Aqui nesta casa não tem bafudo...”

“Seu” Pedro tinha orgulho de dizer que naquela casa só entravam produtos da Antarctica, fabricados na Vila Tibério, e que ele, embora filho de ferroviário da Mogiana, sempre trabalhara na cervejaria. Orgulho maior era dizer que toda a família era composta de botafoguenses.

“Aqui, graças a Deus, não tem nenhum bafudo”, dizia, atrás de um bigodinho bem aparado.

Carlos passou pelos bares da Luiz da Cunha, todos lotados, e virou na Conselheiro Dantas. Passou em frente ao Grupo Escolar Dona Sinhá Junqueira, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário e virou na Santos Dumont, na esquina do Bar do Paciência.

Enfrentando o sogrão

Parou em frente à casa com um pequeno alpendre e desceu, enxugando o suor, provocado pelo forte calor e pela ansiedade.

Carlos foi recebido por Carmem Lúcia e seu irmão, um jovem com seus 16 anos. Entraram e
“seu” Pedro foi logo oferecendo um copo de cerveja. A mãe, dona Lurdes, veio cumprimentar o rapaz e voltou logo para a cozinha, acabar o almoço.

“Seu” Pedro foi logo inquirindo sobre o que fazia e qual time torcia. Carlos contou que trabalhava como vencedor em uma loja e que não ligava pra futebol.

“O quê? Não gosta de futebol, pois hoje tem Come-Fogo e você vai comigo ver o que é um time de verdade”, afirmou.

Carlos não teve alternativa. Depois de uma deliciosa macarronada com frango e muita cerveja, foi com o “sogrão” e o “cunhadinho” para o Estádio Luiz Pereira, a alguns quarteirões dali.

No Come-Fogo

O Botafogo ganhou por 5 a 2, com gol de Laerte, dois de Antoninho e dois de Geo. Era um tal de abraços e pulos que não acabava mais. Carlos quase se traiu no gol de Carlos Cézar.

Depois do jogo, “seu” Pedro falou que a comemoração de verdade iria acontecer no Bar Botafogo, do Chanaan Pedro Alem. Lá, centenas de pessoas, todas com cerveja na mão, gritavam eufóricas. Um caixão de defunto apareceu dos fundos das canchas de bocha e imediatamente “seu” Pedro pegou uma das alças e colocou as mãos do “genro” em outra. Virou uma verdadeira procissão com a multidão acompanhando o caixão e cantando: “Dia 13 de Maio, na Vila Tibério, o Bafo apanhou de cinco a zero; Ave, Ave, Ave Maria...”.

Carlos, segurando uma das alças daquele fatídico caixão pensou: “O que a gente não faz por amor!”.

Terça, 20 Agosto 2019 19:53

Salvo por um cappuccino

Um momento mágico. Assim me pareceu aquela tarde de inverno quando voltava para casa e senti um desejo forte de tomar café.

Ao passar por um supermercado resolvi comprar um pote de cappuccino.

Estava caminhando tranquilamente, quando ouvi uns gritos desesperados de uma mulher. Olhei para trás e vi um enorme rotweiller preto galopando em minha direção.

Pensei em correr e pular o portão de casa, mas faltavam quase dez metros para chegar e vi que não ia dar tempo e o cachorro iria me pegar no caminho. Desesperado, com o monstro latindo em minha direção, não me estou alternativa a não ser enfrentá-lo.

- Passa, passa!!! Sai cachorro!!!

Enquanto gritava com o animal, girava o saquinho do supermercado com o pote dentro.

O medo fez com que aumentasse a velocidade do giro e o saquinho virou uma hélice em minhas mãos. Era minha única arma.

Enquanto isso gritava:
- Passa, passa!!! Sai cachorro!!!

Nisso, o saquinho de plástico não aguentou e furou, deixando o pote de cappuccino voar e estourar na parede ao lado.

Pooouuuuuuuuuuuu!!!!!!

Uma grande explosão e, logo após, uma nuvem de fumaça branca de cappuccino se formou, assustando o bicho que, sem entender nada, fugiu.

Senti uma mistura de medo com a sensação de ser um David Copperfield, aquele mágico da TV.

Entrei em casa e, naquela tarde, me contentei com um copo de água com açúcar.

Terça, 07 Mai 2019 22:20

Roberto Carlos não é meu rei

Todo final de ano é sempre a mesma coisa. A rede Globo faz um show do conhecido cantor, proclamando-o como “rei”.

Vou logo dizendo: a rede televisiva não tem o meu consentimento para ficar dizendo, toda hora, que o sr. Roberto Carlos é o “meu” rei.

Respeito o trabalho do cantor e sei que ele tem um “milhão de amigos”, é um cara “papo firme”, um “amante à moda antiga”, mas “muito além do horizonte” eu grito “nas curvas da estrada de Santos” que ele não é o “meu” soberano.

Prefiro outros compositores e intérpretes, mas nem por isso declaro qualquer um deles como rei.

“Falando sério”. Quando “ele está aqui”, ele é uma pessoa que precisa de “o divã”, pois “na paz do seu sorriso”, “embaixo dos caracóis dos seus cabelos”, “ele é terrível”, e suas manias não são “pequenos detalhes”. Se o leitor, em momentos, pensa que eu “quero acabar com ele”, e que “tudo mais vá pro inferno”, está enganado!

Agora, “o cara” desmente a sua história e depois de trinta anos “voltou pras coisas que deixou” e diz que foi vegetariano, mas sentia vontade de comer carne.
Acredito que quando o artista passa por um processo de mitificação, um pequeno homem se esconde atrás do gigantesco mito. Aí, ele já não sabe mais quem é ele próprio. Desconhece onde começa um e termina o outro.

A mesma rede de televisão também trata Xuxa como rainha. “Rainha dos baixinhos”. Aí, fico muito à vontade para afirmar que não sou seu súdito, pois já sou bem crescidinho e acredito que ela também misturou a imagem adocicada que é vendida nas telinhas com o seu eu real, num processo de dissociação da personalidade.

Agora, um caso a parte é o “rei” da bola, sr. Edson Arantes do Nascimento que, mesmo sendo um craque dentro do campo, foi um desastre quando emitiu suas opiniões fora das quatro linhas.

Numa época ele se posicionou contra as “diretas já” afirmando que o brasileiro não sabia votar. E recentemente afirmou ser mais famoso que Cristo. Ele talvez até tenha razão, se considerarmos que milhões de muçulmanos, budistas, hinduístas e pagãos podem saber quem é Pelé e desconhecer Jesus.

Mas, falta-lhe apenas o que dá mais grandeza a um rei. A humildade.

E eu, que não sou nenhum bobo da corte, sei que “é preciso saber viver...”

Terça, 07 Mai 2019 22:20

Pra não dizer que não falei do Sol

Michele, aluna do 5º ano da Escola Estadual Hermínia Gugliano, pediu para que eu falasse, no Jornal da Vila, sobre o Sol.

Como abordar este assunto sem ficar fora do contexto da Vila Tibério, que é o foco do jornal?

Poderia falar que o Sol está no centro do nosso sistema solar e é o responsável, com seu calor e sua energia, pela vida em nosso planeta e consequentemente em Ribeirão Preto e na Vila Tibério.

Poderia falar também que o Astro-Rei é um milhão e trezentas mil vezes maior do que a Terra, mas, que na verdade, não passa de uma estrelinha de quinta grandeza!

Se o Sol é apenas um grãozinho de areia na Via Láctea, o que somos nós, seres humanos?

Minha cara Michele, temos uma energia vital, que os espiritualistas chamam de “sopro divino”, que nos acorda toda manhã para vivermos um novo dia.
Temos o poder de transformar o mundo! Mas, para isso, é preciso que, em primeiro lugar, nos tornemos seres humanos melhores, estudando, trabalhando e amando. Sem cair nas armadilhas que nos tornam escravos, como as drogas, a bebida e o tabaco!

Terça, 07 Mai 2019 22:20

Um Natal inesquecível

Todo final do ano, quando nos reuníamos com minha mãe, a dona Dirce, sempre lembrávamos de um certo Natal, quando eu tinha dez anos e minha irmã caçula, quatro.

Na verdade, a história começou antes do Natal. Era final de novembro e minha mãe precisava entregar o ponto onde tinha o salão, na Rua Luiz da Cunha. Mudamos para a Martinico Prado e dona Dirce comprou um ponto comercial na Duque de Caxias. Era uma loja de armarinho e presentes e o antigo dono abandonou brinquedos e artigos esportivos.

Minha mãe não teve dúvidas, levou-nos para conhecer e tomar posse de bolas, luvas de goleiros, joelheiras, jogos e brinquedos diversos.

Para minhas irmãs, tinha também bonecas variadas, de pano e até com rosto e mãos de porcelana. Uma ficou com uma boneca, negra, com roupas de baiana e colares cheios de contas, outra pegou uma noiva, com véu e grinalda. Tinha diversas bonecas e adereços.

Para minha mãe, este já era o nosso presente de Natal.

Era um presentão, mas nós, os filhos, não entendemos assim...

Quando chegou o Natal, ganhei um trenzinho de madeira com bonequinhos (pinos) que subiam e desciam, conforme era movimentado. Minhas irmãs ganharam panelinhas e marmitinhas de plástico. Foi uma grande decepção e uma choradeira sem fim.

É curioso como funciona a lembrança. Lembro-me de diversos natais com os tios, com a família, de momentos felizes, mas, inesquecível mesmo foi o daquele ano, que sempre lembrávamos soltando muitas gargalhadas.

Descobri que o verdadeiro sentido do Natal não está nos presentes que ganhamos, ou que damos. Papai Noel passa longe disso.

O importante é estar com seus entes queridos. Aproveite cada momento com sua família e amigos.

JVila164_mai19

Projeção de fotos das Famílias da Vila Tibério

Jornal da Vila, maio de 2019, ano XIV, nº 164

Quinta, 02 Mai 2019 15:42

À Espera do Centenário!

JVila96 set13

À Espera do Centenário!

Jornal da Vila, setembro de 2013, ano VIII, nº 96

Quinta, 02 Mai 2019 15:42

O Resgate

JVila95 ago13

O Resgate

Jornal da Vila, agosto de 2013, ano VIII, nº 95

Quinta, 02 Mai 2019 15:42

Algodão na Luiz da Cunha

JVila94 julho13

Algodão na Luiz da Cunha

Jornal da Vila, julho de 2013, ano IX, nº 94

JVila93 junho13

Equipe da Secretaria de Educação faz Reportagem com a EE Hermínia Gugliano

Jornal da Vila, junho de 2013, ano IX, nº 93

Imobiliárias

Jornal da Vila

Resgatando a memória da Vila Tibério e valorizando sua gente!

10 mil exemplares distribuídos gratuitamente.

Instagram

Facebook

Contato

Fones:

whatsapp(16) 99782-2995

Email:
jornaldavila@gmail.com